Hoje em dia fala-se muito de terapias alternativas, com a crescente oferta e procura de opções que diferem da medicina convencional. As pessoas estão cada vez mais abertas a este mundo que engloba o ser como um todo e têm também consciência de que é necessário aprofundar questões que a medicina e a psicologia não conseguem resolver.
Contudo, é preciso ter cuidado na escolha do terapeuta holístico e alternativo. Se por um lado é positivo que todos possamos ter acesso às terapias alternativas e tenhamos o desejo profundo de ajudar a curar o próximo, por outro lado devemos ter cuidado com os profissionais que se improvisam terapeutas em meia dúzia de meses. Por exemplo, há casos em que uma pessoa pode ser terapeuta de Reiki em dois fins de semana. Nada contra, mas convém perceber quais são as bases de formação académica, pessoal e espiritual que essas pessoas têm para darem apoio aos demais. Qual foi igualmente o trabalho de desenvolvimento pessoal que fizeram (e fazem, pois é um trabalho contínuo) com elas mesmas?
Ao contrário do que muitos pensam, este não é um caminho fácil. É preciso ser perseverante no caminho e abraçar esta profissão como uma missão de vida, não como um meio giro e fácil para ganhar uns trocos. É preciso muita responsabilidade e profissionalismo, tal como em qualquer profissão que lida com pessoas e, principalmente, com as suas emoções. A cada passo sou confrontada com pessoas que vêem a espiritualidade atual como mais um meio de extirpar dinheiro, mas não será que há terapeutas com formação, que gastam o seu tempo e dinheiro a fazerem cursos certificados para assim melhor servirem o próximo? Mas então se o Reiki, por exemplo, é uma energia de amor, não devia ser gratuito? Será que um médico não abraça a sua profissão com amor ou será que por ter passado muitos anos a estudar já não é espiritual? Quando é que as pessoas vão aprender a valorizar o tempo e a qualidade de um serviço? Quando é que as pessoas vão perceber que é tão importante cuidar das nossas emoções e consciência assim como ir à cabeleireira e manicure todos os meses?
Quando, há dois anos, comecei a minha prática terapêutica, achava que não devia cobrar as sessões. Era mais correto a pessoa deixar um donativo, pensava eu. Que enganada eu estava! Na altura, já tinha alugado um espaço do tamanho de uma garagem para um carro. Como iria pagar as contas se a cada sessão de 2h de Reiki que eu fazia a pessoa me deixava o suficiente para lanchar? Por que é que aquelas pessoas valorizavam a ida à manicure ou ao salão de beleza e não valorizavam o meu trabalho? Nessa época, um dos casos mais caricatos que me aconteceu foi o de uma jovem mulher que ia fazer sessões de Reiki comigo, desempregada e com o marido alcoólico, três filhos e que me veio pedir dinheiro para a gasolina do carro. Neguei, obviamente. O melhor que fiz por ela foi ir ao supermercado e oferecer-lhe um cesto de comida para os filhos. Nunca mais me pediu nada. Essa situação deu-me que pensar. Então eu tinha que oferecer sessões de Reiki por donativo e as pessoas ainda me pediam dinheiro para alimentar os seus vícios? Não podia ser!
Depois de muita conversa com o meu Mestre de Reiki, João Magalhães, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki, cheguei à conclusão de que tinha mesmo de cobrar um valor justo pelas sessões de Reiki. O Reiki está instituído como terapia de desenvolvimento pessoal, independentemente de o terapeuta ter dons extra ou não. Se tiver, melhor, mas isso também implica que seja reconhecido pelo seu trabalho, pelo seu tempo, pelo espaço que põe ao dispor dos clientes… Uma coisa é o terapeuta trabalhar em casa, outra é ter atividade aberta, pagar impostos, fazer descontos, ter uma loja com um livro de reclamações. Seria bom as pessoas começarem a pensar nisso e a refletirem. Há tempos conheci uma terapeuta holística de certo renome em Portugal que cobra 80€ por cada consulta. Achei isso um absurdo, tal como hoje acho um absurdo uma pessoa cobrar sessões por donativo. Há que encontrar uma justa medida, um equilíbrio. Nem o meu Mestre de Reiki, autor de mais de 5 livros em Portugal, cobra valores desses. No entanto, se as pessoas se sentem bem assim e têm clientes, por que não? Vai muito da consciência e dos valores de cada um (por vezes também do ego).
Perdi alguns clientes quando comecei a cobrar consultas, mas felizmente tenho tido outros que sabem valorizar o meu trabalho e estou-lhes muito grata por isso. Se as pessoas precisam de mim, eu também preciso delas para crescer e fazer deste caminho uma missão. É, sem dúvida, um belo caminho de crescimento para todos!
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