As dependências são uma realidade muito presente no ser humano já que, de alguma forma, sempre dependeremos de algo ou de alguém. Isso não é necessariamente negativo, mas implica uma tarefa a realizar: a de modular e decantar estas experiências, de modo que não interfiram no caminho dos nossos desejos e no nosso desenvolvimento pessoal.
Há dependências razoáveis que, moldadas adequadamente, são saudáveis para o nosso desenvolvimento. Por exemplo, a interdependência com o companheiro amoroso ou a família. Essa necessidade e resposta mútua que nos vinculam intimamente, sem prejudicar a liberdade ou limitar o crescimento, favorecem o nosso mundo emocional.
“Porque ninguém pode saber por você. Ninguém pode crescer por você. Ninguém pode buscar por você. Ninguém pode fazer por você o que você mesmo deve fazer. A existência não admite representantes”.
-Jorge Bucay-
Outras dependências, por outro lado, nos deixam estagnados. Oferecem pouco ou nada para o nosso bem-estar e têm o poder de nos desconectar de nós mesmos. Em última instância, nos colocam a serviço de algo ou alguém, sem um retorno equitativo em troca. Estas são algumas delas.
Depender da opinião dos demais significa guiar o comportamento, os gostos e os desejos em função do grau de aprovação dos outros. Isso quer dizer que o objetivo central não é reafirmar o que somos, e sim conseguir a aceitação dos demais.
Sob essa lógica, a crítica alheia adquire um valor inusitado. Ela é experimentada como uma ferida emocional que pode nos afetar profundamente.
O outro é o ponto de referência definitivo, não apenas para comportamentos pontuais, mas também para todo o nosso projeto de vida. Esta é uma das dependências mais corrosivas, pois degrada, aliena e torna as pessoas servis.
O medo do abandono é uma dependência muito comum. Geralmente ela afeta quem passou por situações de carência ou desamparo durante a infância. Este é um vazio que nada nem ninguém consegue preencher e que, muitas vezes, é carregado como uma ferida aberta.
No geral, o medo do abandono não é consciente. Simplesmente, a pessoa desenvolve comportamentos de apego excessivo com quem se transforma no objeto do seu amor. Particularmente, isso acontece com o parceiro ou com amigos próximos.
Há um medo de perder essas pessoas e, portanto, uma possessividade e uma ansiedade no vínculo.
A moda é um tema considerado supérfluo e sem importância por muitas pessoas. Apesar disso, são poucos os que conseguem distinguir os gostos próprios dos ditados da moda.
As tendências da moda não se referem apenas às roupas, mas também aos gostos, às preferências, e inclusive às ideologias e filosofias.
Muitos, por exemplo, se perguntam se o estilo de vida vegano é, na verdade, fruto de uma reflexão e convicção, ou se muitos de seus seguidores simplesmente aderiram a uma moda.
Esse desejo de fazer parte de um grupo às vezes leva à dependência. Não estar “dentro” se transforma em uma grande preocupação para muitos. Isso pode levá-los a desfigurar seu próprio senso de identidade.
A aparência física é outro dos mitos que moldam muitas consciências. Há quem dê uma importância excessiva a ela e acabe construindo dependências em torno deste aspecto. Chegam a acreditar que o seu valor como seres humanos está estreitamente relacionado com a sua aparência.
Embora seja verdade que a aparência física tem um peso significativo no mundo atual, também é evidente que se trata de um jogo de luzes e sombras que costuma ser efêmero. A beleza abre portas e facilita a conquista da boa vontade dos outros. No entanto, ela é insuficiente para ir além desse capítulo inicial. Depender dela é depender de uma ilusão.
O dinheiro é outra daquelas miragens nas quais muitos se perdem. Ele gera dependência quando é associado diretamente ao valor que cada um tem como pessoa. Ter e não ter dinheiro é algo que faz parte da vida da maioria dos mortais. São poucos os que mantêm uma situação financeira tranquila sem qualquer interrupção.
Depender do dinheiro significa, muitas vezes, acreditar que a felicidade está no consumo, ou supor que quanto mais rico alguém for, mais valor possui em termos humanos. Por isso, não ter dinheiro equivaleria a perder tudo, inclusive o ser.
Todas essas dependências são altamente nocivas porque prendem em vez de oferecer apoio. Elas tiram muito mais do que dão. Implicam um certo grau de alienação e de desconexão com o que há de mais verdadeiro em nós mesmos.
Seria aconselhável pensar como se fôssemos cometas: atados a um ponto, mas livres em nosso voo.
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