O bullying está se tornando mais discutível graças a vozes corajosas, olhares que se recusam a ser passivos e vítimas deste grande problema social. É muito difícil combater o bullying em uma estrutura socioeconômica que encoraja valores disfuncionais e prejudiciais. Os pais motivam os filhos a a falarem várias línguas não pela riqueza cultural, mas pela riqueza material que terão no futuro. Aprofundam cada vez menos temas como a filosofia, a sociologia, os direitos humanos e a empatia. Não o fazem porque não a cultivam no seu dia-a-dia com seus próprios filhos. As crianças são ensinadas e estão preparadas para ganhar coisas, quando sequer sabem conviver com seus próprios dilemas e com as aflições do outro.
Se não queremos que nosso filho seja assediado ou assediador, se queremos igualdade, podemos conseguir isso. Uma condição indispensável para chegarmos a uma realidade cordial e conveniente é trabalhar a empatia dia após dia na vida de nossos filhos e especialmente em nossas vidas.
É preciso que os pais se coloquem no lugar de seus filhos
Não podemos transformar as nossas crianças em bonecos quebrados das nossas frustrações
“E eu não vou lhes causar mal ou causar-lhes maus tratos”
Está lá no juramento de Hipócrates, fundamentado no século XVIII e muitos pais podem dizer que jamais agridem os seus filhos com palmadas, mas esquecem que ao classificar o comportamento dos filhos com rótulos hostis, estão lhes violentando psicologicamente com um tipo velado e cruel de bullying. Não sabem eles que por trás de toda criança difícil há uma emoção que ela não consegue expressar?
Os pais precisam se colocar no lugar do seu filho. Pensar com a sua mente, com o seu coração, com o jeito de ler o mundo. Os pais precisam parar com o terrorismo emocional em torno dos filhos. Fustigando-os a tão somente escutá-los como se o filho, só por ser criança, não tem sentimentos. Os pais precisam praticar a empatia com seus filhos a fim de que seus filhos aprendam o valor que existe no ser pessoa integrante e não no ter o monopólio do sucesso num desfile de orgulhos.
Os pais empáticos são capazes de ensinar os seus filhos a reciclar o pessimismo, a sisudez e superarem a necessidade neurótica de estar acima dos outros. Quando adultos, serão pais cativantes, filhos compreensivos, professores marcantes, cônjuges que irrigam o afeto, executivos que libertam a criatividade dos seus liderados. Serão ecologistas do meio ambiente emocional, criarão um microclima que impera a serenidade e não as disputas. Tal como os carismáticos, não perderão a oportunidade de expandir ou realçar as características saudáveis dos seus íntimos, mesmo as que parecem momentâneas e superficiais.
Os pais empáticos recolhem as armas do pensamento. São lentos para condenar seus filhos e rápidos para compreendê-los. São inteligentes, têm a consciência das várias distorções pelo estado emocional, psicológico e comportamental do seu filho. Como propulsores da maturidade, eles sabem que a verdade é um fim inatingível, mas o diálogo e benevolência são ‘palpáveis’.
Se 10% dos humanos fossem simultaneamente simpáticos, carismáticos e empáticos, a humanidade seria outra. Teríamos mais museus e menos prisões, mais jardins e menos fábricas de armas, mais longevidade e menos homicídios e suicídios, mais abraços e menos acusações.
Deixe os seus filhos cometerem erros e acertos antes de fazer um juízo sobre o seu comportamento e personalidade que condicione terceiros na sua forma de se relacionar com eles. Não podemos nos transformar em simples espectadores, mas acima de tudo, não podemos continuar com as nossas atitudes de falta de empatia com nossos filhos, pois elas causam-lhes esse tipo estranho de bullying a lhes deprimem profundamente.