Naquele tempo, quando ainda não existia o whastapp, a gente mandava bilhetinho quando tava afim. Mandava pela amiga que enviava paro o amigo até chegar nas mãos de quem a gente queria. A gente quase não dormia a noite pensando se viria uma resposta e quando vinha, era como se fosse o papel mais precioso do mundo, que chegava a se rasgar de tanto abrir e fechar.

Naquele tempo, a gente mandava cartas com canetas de glitter coloridas e cheia de adesivos tirados da primeira página do caderno. Escrevia sobre sentimentos com desenhos de coração ao lado, e tinha até envelope de cor . A gente ia nos Correios e esperava o carteiro! A gente passou a ter o carteiro como aliado.

Naquele tempo, quando ainda não existia o Facebook, a gente inventava uns questionários malucos com perguntas absurdas pra saber mais da vida do outro. Naquele tempo, quando não tinha foto digital disponível pra ficar olhando o tempo todo, a gente pegava aquela amiga cúmplice e passava na frente da casa da pessoa esperando que ela aparecesse na janela só para trocar uns olhares. A gente passava de novo e de novo e essa esperança nunca terminava.

Naquela época, marcar de beijar era o maior evento do ano. Tinha que ser tudo armado e tinha sempre os amigos para fechamento. Depois de um tempo, quando chegou o sms, nós não tínhamos a confirmação de leitura da mensagem, mas tinha aquele um toque de chamada que queria dizer ” estou pensando em você”!

As coisas mudaram mas uma coisa ainda ficou: o frio na barriga do primeiro beijo, a expectativa dos encontros, e os medos que envolvem em se apaixonar. Modernidades à parte, ainda somos movidos a paixões, atualizando constantemente as formas de comunicar os nossos sentimentos. E que eles jamais se percam no meio dessa velocidade e praticidade de comunicação.








É jornalista, atriz e tem a comunicação como aliada. Escritora por natureza, tem mania de preencher folhas brancas com textos contagiados por suas inspirações.