A gente sempre faz uma ideia do que esperar de um relacionamento e prontamente falamos “Ah, mas eu sei que relação perfeita não existe”. Quem foi que disse que não existe?
Depende da sua definição de “Perfeito”.
Um casamento pode ter muito conforto, dinheiro, viagens e tudo mais, e pode ser pobre de afeto, de amizade, de parceria. Ou pode até ter tudo isso e não ter uma boa química, por exemplo, ou mesmo entrosamento de ideias e ideais.
A definição de “perfeito” como sinônimo de “livre de problemas”, soa um tanto equivocada, ao meu ver. Porque todos os seres humanos têm, algum tipo de problema.
E esperar que um outro ser os resolva e seja a Fada Madrinha da sua vida, que chegue e resolva tudo e IMPEÇA outros problemas de chegarem, é garantia de frustração. Um relacionamento não é para isso!
A ideia de se relacionar com um outro ser pensando no próprio benefício, não pode ser chamada de AMOR. Amor é aquele sentimento muitas vezes inexplicável, que nos invade o coração e nos faz querer ficar, de qualquer jeito, com o ser amado.
Ama-se, verdadeiramente, pelo que o outro é, e não somente pelo que ele faz por nós.
Não é “como eu me sinto quando estou com ele”, é “como eu me sinto quando estou SEM ele”.
Percebe a diferença?
É mais sobre o que a falta do outro nos causa, do que a sua presença constante, propriamente dita. Problemas e defeitos todos nós temos, mas precisamos pesar na balança da vida se são esses defeitos ou se é a falta que o outro nos faz, que pesa mais.
AMAR é querer estar junto, APESAR dos defeitos… todo o resto não passa de um mero “gostar”.
Por isso hoje eu decidi modificar um pouco a pergunta tradicional, de “O que você quer de um relacionamento para “O que você NÃO quer de um relacionamento”.
Pois acho que mudando a pergunta, conseguimos mudar o ângulo de visão sobre a questão e, quem sabe assim, enxergamos o lado menos romântico e utópico e pensarmos um pouco pelo lado prático.
Quando sabemos o que NÃO queremos, fica mais difícil deixar-se levar pelas situações. Já não nos conformamos com inúmeros pedidos de desculpas sequenciais… deixamos de acreditar que as pessoas podem ser mudadas só pelo “amor”. E não nos enganamos fácil. Não nos contentamos com qualquer migalha de afeto. Pois, o lado do “EU NÃO QUERO” pesa mais na balança.
Se você não sabe o que não quer, acaba se deixando levar e se manipular facilmente.
Saber o que NÃO quer é empoderar-se. É ter convicção e desta forma, poupar perda de tempo excessivo.
E vai muito além da superfície. As pessoas prontamente respondem “Eu não quero alguém mentiroso”. Mas eu peço que pensem mais a fundo…
“Eu não quero alguém ambicioso”. Mas, por que não? Ambição nem sempre é ruim… Você não quer uma pessoa ambiciosa ou você não quer uma pessoa INTERESSEIRA? Temos que ser bem específicos ao pedirmos ao Universo! *risos*
Eu, Bruna, não quero mais alguém que queira me mudar. Eu poderia dizer: “Eu quero alguém que me aceite do jeito que sou.”, mas meu desejo vai mais além… Eu não quero uma pessoa que queira mudar meu modo de me vestir, de falar, de pensar, de escrever; enfim… de ser. Ou seja… eu quero alguém que não só aceite, mas que também GOSTE, que admire e que respeite.
“Eu não quero alguém que queira me mudar”. Pronto. Engloba tudo. Porque não adianta curtir os meus textos e não curtir meu estilo… não adianta ser “parceiraço” e não querer que eu dance numa festa… E por aí vai.
E quando não temos a plena convicção e CLAREZA do que NÃO queremos, acabamos nos conformando com o que aparece.
Acabamos aceitando por partes. Fracionando os desejos.
Eu posso não saber qual caminho seguir para progredir na vida e chegar ao meu objetivo, mas eu sei qual caminho eu NÃO quero pegar. E isso, já me alivia em 50%!
Eu não sei o tipo de pessoa que eu quero ter do meu lado, pode ser alto, baixo, estrangeiro, carioca, médico ou bartender, enfim, mas eu sei BEM exatamente o tipo de pessoa que eu NÃO QUERO, em hipótese alguma, ter ao meu lado. E essa certeza evita sofrimentos e perda de tempo e energia.
Saiba para onde você NÃO quer ir. O que você NÃO aceita fazer de jeito nenhum nessa vida. Saiba que tipo de parceiro (a) você NÃO quer consigo.
“Ah, eu quero alguém que goste de sushi, rock e que goste de ficar em casa, vendo um filme, pedir delivery…” Ou seja, você NÃO quer uma pessoa dispersa, que não queira nada sério. Porque gostar de sushi e rock é relativo. Você pode trocar o sushi e o filme de terror por uma pizza e uma comédia, por exemplo, e isso não afetará a relação a tal ponto que o faça terminar tudo.
Mas você não quer lidar com alguém que ame sushi e rock e viva na rua, que tenha você e mais 4 casos por aí… Sushi e rock são referências. Comprometimento, envolvimento e relacionamento sério, são fundamentais e portanto, indispensáveis.
Eu posso ter alguém que já tenha sido casado antes, que tenha filhos, que tenha uma rotina atribulada… que fale 10 idiomas ou só 1… que tenha 29 ou 49 anos… é indiferente para mim. Mas, NÃO quero de jeito nenhum, um relacionamento à distância.
Não quero também alguém que queira morar no meio do mato, por exemplo.
Porque são duas questões que inviabilizariam o relacionamento. Compreende?
Defina seus objetivos. Abra seu coração para o novo, para as infinitas possibilidades que se apresentam todos os dias. Não seja demasiadamente rígido e exigente. Mas, mantenha, SIM, até por uma questão de autopreservação, seus PRINCÍPIOS intactos, e seus desejos preservados. Mantenha suas convicções a salvo. Respeite-se. Conheça seus limites e não os ultrapasse.
Essa história de “quem ama supera tudo” é verdade desde que o “tudo” não seja TUDO o que VOCÊ É. Desde que seja um “tudo” em comum e de ambas as partes. Os dois lados têm que ceder. Não se doe integralmente a um outro ser.
Preserve um pouco de si, para casos de emergência. Você pode até (tentar) mudar tudo para se adaptar à alguém. Mas, seria isso amor verdadeiro ou só um capricho de uma paixão intensa?
Eu acredito que o amor cure, regenere e supere muita coisa. Mas não há como superar, jamais, a falta de si mesmo. Seja maleável, mas mantenha seus “Nãos” a postos. Um “NÃO bem dado é vital, certas vezes.