A depressão chegou de maneira esmagadora à minha vida, como uma bola de demolição, na tenra idade de 14 anos. Ela trouxe alguns feios efeitos colaterais: distúrbios alimentares, dismorfia corporal, ansiedade, problemas com o álcool. Solidão, sentimento de inutilidade, desespero. Todos foram meus tristes companheiros durante mais de uma década.
A boa notícia é que eu não desisti. Eu quis desistir, muitas vezes. Mas não desisti. E hoje em dia a vida é mais brilhante que nunca.
No rastro da trágica notícia sobre Robin Williams, é crucial para os que lutam com a depressão agarrar-se à esperança, à vida e ao conhecimento de que as coisas vão melhorar. Ao compartilhar nossas jornadas, podemos projetar uma luz sobre um problema que afeta tantos de nossos semelhantes.
Então, aqui vão 16 coisas que aprendi em 16 anos com a temível palavra que começa com “D” (nota: esta lista não é completa).
16. Sempre há esperança
Se você sugerisse isto para mim nos meus momentos mais sombrios, quando eu só queria morrer, você poderia igualmente ter-me dito que “A Origem” é uma história real ou que porcos estão fazendo testes para ser pilotos. O desespero é um dos principais sintomas da depressão, o que torna mais ou menos difícil ver a luz no fim do proverbial túnel. Mas a luz sempre está lá.
15. Não posso querer me sentir bem o tempo todo
Quando eu descobri os bons sentimentos novamente, depois de uma longa batalha com a depressão, parecia um fracasso voltar a qualquer infelicidade ou momentos “para baixo”. Mas ser humano significa ter uma emocionante (e nauseante) montanha-russa de emoções. Até as pessoas mais felizes têm dias ruins.
14. O álcool não era meu amigo
Os efeitos atordoantes de seis cervejas certamente pareciam o melhor antidepressivo… durante uma janela de tempo muito curto, muito embaraçosa e muito esquecível. Mas a manhã seguinte sempre rolava mais cedo do que o esperado e toda aquela coisa de o álcool ser deprimente tornava-se dolorosamente óbvia. Como eu consegui ter tantos anos de altas temporárias seguidas de baixas desesperadamente baixas é um milagre. Não sinto falta da bebida.
13. As pessoas que não sofreram depressão têm dificuldade para compreendê-la
Isto não é uma crítica ou um defeito de sua parte, e não significa que elas não a amem. É apenas difícil entender algo que você não viveu. Eu tive muitos seres amados que tentaram muito chegar lá — e eles merecem sérios aplausos por isso. Mas eu não poderia esperar que eles soubessem como eu me sentia — assim como não posso esperar saber exatamente como se sente um paciente de câncer, ou como se sente alguém que perdeu um filho. Tudo o que posso oferecer é empatia e compaixão, e isso é tudo o que posso esperar de outra pessoa.
12. A autocompaixão é vital
Eu era meu pior inimigo, sempre me atacando por defeitos, falhas ou imperfeições percebidas. Eu podia sentir compaixão por outras pessoas, por animais e até pela Terra, mas por mim mesma? Nunca! Pelo menos até que trabalhei ativamente para cultivar um sentimento de autocompaixão.
11. Muitas pessoas estão lutando batalhas semelhantes
Quando eu me abri para as pessoas sobre minhas dificuldades, fiquei constantemente surpreendida sobre quantas as compartilhavam — especialmente pessoas que pareciam ilusoriamente felizes e bem adaptadas. Robin Williams (e muitos outros que compartilham suas histórias depois da morte dele) é um ótimo exemplo. Em uma sociedade em que a imagem é tudo, as pessoas são especialistas em fazer uma cara feliz, mas para muitas delas a dor fervilha abaixo da superfície. Eu nunca lamentei me abrir para os outros, e em vários casos notáveis isso me valeu alguns dos melhores amigos que já tive.
10. Existe um motivo pelo qual a meditação é praticada há milhares de anos
Ela funciona. Meu cérebro estava uma confusão. Eu costumava silenciá-lo com bebida, comida ou outras tentativas temporárias e totalmente ineficazes de automedicação. Mas a meditação me ajudou a aprender a acalmar minha mente inquieta (ou pelo menos a abafar seu ruído). As meditações conduzidas assumem muitas formas, e fazê-las diariamente trouxe um novo nível de paz à minha vida.
9. A mídia social pode exacerbar o sentido de alienação
Quando eu estava me sentindo despida de toda esperança e conexão humana, ver fotos de outras pessoas festejando e se divertindo, superfelizes, talvez não fosse a melhor ideia. Se você tem baixa autoestima (como quase todo mundo com depressão), ver outras pessoas habilmente trabalhadas para parecer hiperfelizes tende a perpetuar esse sentimento. Essa não é apenas minha perspectiva anedótica — fizeram-se muitas pesquisas que demonstram que o Facebook nos torna infelizes. Ele bloqueia nossa interação social na vida real, nos torna invejosos dos outros (em vez de gratos pelo que temos) e assim por diante.
8. Passar tempo demais sozinha é uma má ideia
A depressão me fez sentir-me como o Fantasma da Ópera — mas sem o comportamento assustador ou a trilha sonora maravilhosa. Eu queria desesperadamente me distanciar da sociedade civilizada, e frequentemente o fazia. É claro que hibernar me alienou exatamente do que eu mais precisava — a companhia e o apoio de amigos e pessoas amadas.
7. Não há um destino final
Apesar de eu falar sobre minha depressão como se fosse um temível “ex”, não estou falando de algum pedestal de perfeição inatingível. Não existe esse Xangrilá. A vida é uma viagem, e a felicidade deriva da própria viagem. Tem a ver com encontrar alegria no aqui e agora — neste mesmo instante. Eu terei momentos baixos de novo, sem dúvida, mas pode-se encontrar felicidade até nas horas mais sombrias, e isso é algo que eu nunca havia entendido antes.
6. O exercício é um antidepressivo incrível
É o máximo da ironia que um dos tratamentos mais eficazes para a depressão exige motivação — e a depressão, por sua própria natureza, esgota toda a motivação. Quando eu estava nos momentos mais baixos, a última coisa absolutamente que eu queria fazer no mundo era levantar-me e me mexer. Mas o exercício regular fez maravilhas para o meu humor. A Harvard Health Publications relatou que o exercício pode ser tão eficaz quanto tomar antidepressivos — e as consequências podem potencialmente durar ainda mais.
5. Não há solução rápida
Os antidepressivos podem ajudá-la a se sentir melhor quase imediatamente, com certeza, e essa pode ser uma opção muito útil se você estiver no fundo do desespero. Mas a cura duradoura exige trabalho, um trabalho consistente. O que esse trabalho significa depende da pessoa, mas não importa o que estiver envolvido vale a pena o investimento de tempo.
4. Eu deveria sempre pedir ajuda quando precisei
Consultei muitos terapeutas, psiquiatras, praticantes gerais — experimentei acupuntura, terapias experimentais e muitas outras coisas. Algumas funcionavam melhor que outras, mas continuei tentando e aprendi lições valiosas no caminho, inclusive que sempre há inúmeras opções — e alguém disposto a estender a mão.
3. Meu cérebro pode mudar
Nossos cérebros são desenhados para ser habituais, por isso caminhos neurológicos se formam a partir de nossos padrões de pensamento negativos, e isso, por sua vez, pode ter sérios efeitos adversos sobre nós (daí os efeitos negativos do estresse em nossos corpos). Criar novos caminhos é desafiador e exige tempo, mas é factível. Para mim, tem a ver com formar novos hábitos positivos e romper os antigos, negativos. Aprender a corrigir meus padrões de pensamento distorcido e reprogramar positivamente minha mente (por assim dizer) foi um elemento chave em minha cura em longo prazo.
2. Cada um tem uma viagem diferente
Não posso salientar isto o suficiente. Esta lista são 16 coisas que Hannah aprendeu — não significa que outra pessoa que sofreu de depressão compartilhe as mesmas conclusões, e isso está totalmente certo. Existem mais de 7 bilhões de perspectivas no mundo, e cada uma é igualmente válida. Para algumas pessoas a medicação é crucial. Para outras, a psicoterapia em longo prazo poderia ser a resposta. Qualquer coisa que funcione. Não estou sugerindo que meu caminho é melhor para qualquer pessoa além de mim. Mas estou sugerindo que todo mundo tem um caminho para a cura — e a coisa mais importante é continuar a procurá-lo. Não desista.
1. Eu posso sair dessa
Enquanto o apoio, a assistência e os ombros molhados de lágrimas daqueles que amo foram imensamente benéficos, ninguém poderia percorrer o caminho da recuperação em meu lugar. Outras pessoas (médicos, terapeutas, parentes, amigos) podiam dar uma mão, é claro, mas aquele primeiro passo (e o segundo, e o terceiro, etc.) tinham de ser meus. O autoempoderamento leva a mudanças duradouras. E a mudança duradoura é possível.