Se pensarmos bem, não foram os momentos neutros que nos incentivaram a melhorar, mas os maus, os péssimos e os que gostaríamos de esquecer que existiram.
A história continua a repetir-se, e enquanto podemos ter-nos perdoado por aquilo que aconteceu no passado, devemos reaplicar a lição também no presente.
É engraçado como podemos ter passado pelas piores circunstâncias, sendo estas catapultas para mudanças lindas na nossa vida, e mesmo assim ao refletirmos nelas, somos capazes de nos culpar: “Porque é que não agi daquela maneira?”, “Porque é que fui tão fraco?”, “Tenho tanta vergonha de ter acontecido isto”.
Mas é importante lembrar que cada um age da maneira que achar mais correto, e da melhor maneira que consegue, na altura da vida em que se encontra. Se você fez aquilo, foi porque era você, naquela fase da sua vida.
A comparação realmente é uma enorme ilusão, especialmente na era do Instagram em que muitos sentem-se inferiorizados porque as outras pessoas parecem viver uma vida melhor, quando, na verdade, elas estão a selecionar cuidadosamente o que parece melhor na sua vida para mostrar ao mundo.
O mesmo acontece na vida real. As pessoas têm máscaras e selecionam cuidadosamente como querem comportar-se, porque é aquilo que parece mais bonito, apelativo e socialmente aceitável. – Mas… nem todas as pessoas.
Há pessoas que ultrapassaram essas mesquinharias do status social e de viver para agradar aos outros, e que mostram a sua espetacular autenticidade. E, ah, como é lindo de ver, uma pessoa que é completamente ela mesma – que não tem medo de mostrar toda a sua estranheza, sensibilidade, paixão pelo que quer que seja.
Para passar para esse nível, desconfio que todas essas pessoas já passaram por fases de grande solidão. É mesmo solitário não querer saber o que os outros pensam, porque estamos a atravessar um trilho que poucos tiveram coragem para cruzar. É um caminho solitário, porque passamos de uma fase para outra, ascendemos e deixamos para trás aquilo que devemos deixar para evoluirmos.
Deixamos coisas como a superficialidade, a falsidade, a preocupação com coisas pequenas. Despimo-nos das camadas sociais que nos impuseram, daquilo que achavam que devíamos ser.
E ao seguirmos os nossos valores, tentando descobrir a nossa verdadeira essência, sentimos um grande paradoxo, porque mesmo tendo absoluta certeza que é o que queremos fazer, não parece ser essa a verdade. Olhamos em volta e as pessoas vão-se afastando, vamos ouvindo conselhos de quem nos ama, de que não somos razoáveis.
Não parece verdade porque não foi a verdade que nos foi ensinada. É proferido em todo o lado que devemos ser nós mesmos e seguir os nossos ideais, mas este ensinamento clichê nunca é desenvolvido e discutido. Sentimentos são um tabu e questionar as normas parece proibido.
Questiono o mundo em que vivo, mas nunca questiono a minha essência. Através da minha intuição, sou guiada a verdades que me guiam de maneira específica no meu caminho, porque ressoam com a pessoa que quero ser e o mundo em que quero viver.
Questiono-me se seguir o que o meu coração manda é verdade e é legítimo para a sociedade e se alguma vez, encaixar-me-ei a ela.
Não tenho grande interesse em encaixar-me numa sociedade doente, mas sei que nem todos são iguais e que o modelo social em que nos encontramos enfrenta um grande declínio, na entrada da Era de Aquário.
Por isso, mesmo enfrentando grande solidão e dúvidas que me mantém acordada, tenho uma bússola constante e uma energia de amor a qual me conecto sempre que as coisas parecem tempestuosas.
Quando estou no meio do caos, e decido encontrar o silêncio dentro de mim, sinto este amor intenso e puro por parte do Todo, e sinto que sou sempre amada, mesmo quando parece que travo uma batalha com as contradições da sociedade em que vivemos.
Mas esta sensação vem com especial intensidade é mesmo nessas situações de caos: quando estou sem dinheiro, quando sinto que não tenho amigos, quando sinto que desperdicei uma oportunidade, quando sou criticada.
Tudo isso são coisas minúsculas, quando decido conectar-me com a energia da minha essência e todo o Cosmos diz-me: “És amada.”