A convivência com o narcisista é recheada de abuso e de silêncio. Raramente a vítima conta aos outros aquilo que realmente vive dentro da relação. Isso se dá por vários motivos. Entre tantos, eis alguns:
* Acredita que o parceiro vai melhorar e voltar a ser como era no início.
* Se envergonha de admitir que aquela pessoa que a própria vítima exaltou tantas vezes (no período da idealização), é na verdade cruel e oco.
* Se envergonha de admitir que as pessoas que a alertaram sobre o caráter daquela pessoa conhecida para elas e desconhecida para a vítima, sempre estiveram certas.
* Tem medo que ele venha a saber que seus segredinhos foram revelados e responda com a ira que a vítima conhece bem.
* Sofre ameças.
* Está tão dependente emocionalmente que tem medo de ser abandonada pelo seu próprio agressor, como se comportam os drogados que sabem do poder lesivo da droga mas não tem forças para abandonar, ou aqueles presos na Síndrome de Estocolmo.
* Já passou pela lavagem cerebral que o narcisista opera e passou a acreditar que o problema está com ela mesma.
Quando o relacionamento chega ao fim e a vítima se sente livre para contar a verdade sobre seu agressor, o narcisista, com medo que seus segredos sórdidos sejam revelados, se adianta e inicia uma campanha cruel e mentirosa para sujar o nome da vítima.
Usará neste estágio tudo o que está e não está a seu alcance. De modo a cobrir as verdades contundentes sobre sua conduta, inventará histórias macabras à respeito da vítima que nem mesmo os roteiristas de cinema mais criativos ousariam escrever.
Para destruir sua reputação, buscarão os ouvidos dos amigos da vítima e seus familiares, os próprios familiares deles (seus possibilitadores), sua nova vítima ou qualquer pessoa que possa, ao ouvi-lo, passar a vê-los como pobres vítimas que fizeram de tudo para se livrar daquela “pessoa louca que estava destruindo-lhe a vida”.
Mesmo durante a relação, o parceiro narcisista, a fim de alienar a vítima, terá o hábito de contar mentiras a seu respeito, coisas negativas e que farão com que os familiares e amigos passem a olhar para você de uma forma estranha que você não entende direito o porquê, mas sente que há algo errado.
Ele faz isso para isolar sua vítima de modo que o narcisista passe a ser percebido pela vítima como sua única fonte de “carinho, afeto e suporte”, reforçando a dependência emocional dela e logo, seu poder do controle e manipulação sobre a mesma.
Muitas pessoas passarão a detestar a vítima porque passam a viver a mentira contada pelo narcisista e raramente se preocupam em buscar a versão da vítima ou a verdade dos fatos.
Desta forma, tornam-se a platéia de que eles tanto gostam e sem saber, tornam-se vítimas também.
Rompida de vez a relação, lidar com a campanha suja difamação do narcisista é uma das tarefas mais difíceis para as vítimas.
Muitas vezes é tão difícil que algumas cogitam ou chegam a tirar a própria vida, como ocorre com crianças que sofrem bullying e não conseguem superar.
Se você está lidando com isso, procure ajuda de pessoas que não vão julgar você, que acreditam em você e que possam ouvir.
Conte toda a verdade e liberte-se aos poucos deste peso. Aceite que seu agressor é uma fraude, não tem escrúpulos, compaixão, culpa ou remorso e que o máximo do prazer seria ver você reduzida(o) a nada.
Se o narcisista usou mentiras para lhe atingir judicialmente (divórcio, violência doméstica, indenizatórias, etc), busque provas e testemunhas e estude suas versões de modo a encontrar contradições (que serão muitas), já que são tão centrados em si que não percebem quando a mentira contada é fantasiosa demais, pode ser facilmente desmascarada e não pode ser contada diversas vezes sem qualquer mudança.
E mais do que qualquer coisa, vá às audiências com a linguagem da verdade. A linguagem corporal da verdade faz toda a diferença em juízo.