Atualmente a grande mídia está divulgando denúncias de assédio sexual contra as mulheres. Porém, ainda o tema é tratado como um tabu, porque significa algo “proibido de se falar” e no que se refere à invisibilidade é tratado como um fato que deve ser “escondido socialmente”.
Os números revelam a dimensão assustadora desse tipo de violência contra as mulheres, como por exemplo: os dados da pesquisa de 2016 realizada pela ActionAid, uma organização internacional, apontou que 86% das mulheres brasileiras ouvidas sofreram assédio em público em suas cidades e uma outra pesquisa de 2017, feita pela Kering Foundation, também constatou que no Brasil:
40% das mulheres acima de 16 anos já sofreram algum tipo de assédio;
5,2 milhões de mulheres já sofreram assédio em transporte público;
20,4 milhões de mulheres já receberam comentários desrespeitosos nas ruas;
2,2 milhões de mulheres já foi beijada ou agarrada sem consentimento.
Portanto, o assédio sexual atinge mulheres de todas as idades, classes sociais e raças. Ele é um método perverso de fala invasiva, gesto asqueroso e aproximação virulenta, que afronta as mulheres nas ruas, nos transportes públicos, nas escolas, nas universidades e o assédio sexual no trabalho, que é o mais apavorante, pois viola a dignidade das trabalhadoras do setor privado e público.
O assédio sexual é um crime praticado, vergonhosamente, por determinados homens, que criam uma atmosfera ofensiva para obter favorecimento sexual dos corpos das mulheres – que são para eles objetos, que existem para serem assediados, tocados e abusados.
Além disso, o assédio assexual é um instrumento de poder de homens desequilibrados sexualmente, que não conseguem controlar os seus impulsos libidinosos, provocando um ciclo de constrangimento: nas mulheres por serem assediadas, nas suas famílias por serem ofendidas e na sociedade que se sente insegura diante da frequência desse crime.
Do mesmo modo, o assédio sexual produz consequências graves no corpo e na mente das mulheres, gerando múltiplos sofrimentos: depressão, crises de choro, déficit na memória, desânimo, solidão, perda da autoestima, náuseas, relutância de dormir, sudoreses, calafrios, dificuldades de respiração, pânico, etc, podendo contribuir, até mesmo, com o ato extremo do suicídio.
No entanto, têm muitas mulheres que buscam forças para denunciar, desafiando o medo de serem julgadas pela herança da cultura machista, que se impregnou nas relações sociais. Elas estão dizendo um basta aos assediadores e não importa se eles são ricos, pobres, celebridades, empresários, trabalhadores, negros, brancos e anônimos.
E muitos deles estão sendo desmascarados, expostos e punidos pela Justiça, pois hoje as vítimas de assédio sexual dispõem de direitos garantidos e a proteção está bem perto: no Ministério Público, na Delegacia de Polícia, no Poder Judiciário, no movimento de mulheres, na família e conta com apoio da mídia.
Enfim, as mulheres precisam entender, mesmo que isso seja doloroso e difícil de aceitar, que o crime de assédio sexual jamais é culpa delas e nunca foi uma roupa ou uma atitude que as fizeram sofrer tais ofensivas. A culpabilidade é dos assediadores que são homens mental e moralmente decadentes, herdeiros da uma cultura machista e misógina, que não pode ser mais tolerada pela sociedade.