As dívidas de amor…
As relações nada mais são do que trocas.
Por mais que às vezes não pareça, sempre há um intercâmbio de algo. Nem que seja você doando amor e recebendo indiferença. Inevitavelmente haverá algo sendo dado e algo sendo recebido.
Nem sempre o que damos é valorizado tal quanto achamos que deveria. Nem sempre recebemos de acordo com o que julgamos merecer. E sem perceber passamos a anotar tudo num caderninho mental.
Estão lá, todas as doações, dívidas e créditos que julgamos ter com o outro. Cada relação com seu caderninho separado. Não raro empunhamos o caderninho pra mostrar o quanto somos devedores ou credores. A gente cobra. Cobra de si. Cobra do outro. Cobra da vida.
E muitas vezes não aceitamos o sofrimento quando a balança está em desequilíbrio, pois achamos que não merecemos.
“Veja só, eu me doei tanto e olha o que recebi?”. A medida do amor e da consideração é exclusiva de cada um.
Às vezes o que você recebeu e julgou como ‘pouco’ ou ‘quase nada’ foi talvez o máximo que o outro conseguiu lhe dar.
Como cobrar amor e consideração de alguém que talvez nunca os tenha recebido?
Como cobrar de alguém algo que visivelmente ele não é capaz de dar? A primeira vista parece até um tanto cruel, não?
Não significa se contentar, se acomodar, nem viver de migalhas, mas pegar mais leve na hora de julgar e condenar, porque na real não sabemos os fantasmas que o outro carrega.
Ninguém é obrigado a ficar onde não tem amor, mas se assim decidir é bom avaliar até onde a sua cobrança é legítima ou apenas um ego ferido.
Perdoar os supostos devedores de afeto é um ato de altruísmo e libertação.
Quem disse que essa cobrança não está sendo feita de alguma maneira sobre você nesse exato momento?
Porque sim, neste Serasa da vida, qualquer um pode entrar.