Observando as coisas no meio em que vivemos, é perceptível que a vida é uma constante, vivemos rotineiramente em ciclos de transformações, com mutações jamais esperadas, e que devemos ter maturidade o suficiente para aceitá-las. Porém, não é sempre assim que acontece, comumente as mudanças trazem consigo uma série de desconfortos, tanto físico, quanto psicológico , sobretudo , quando se trata de mudanças negativas. Lembrei- me então do imortal, Fernando Pessoa, e ousei em parafrasear uns de seus mais belos poemas, que nos diz o seguinte.
“É sempre necessário saber quando uma etapa se finda, quando algo acabou, e não existe mais, insistir em permanecer ali, só aumentará o sofrimento e a angústia”.
Pense bem. Se todas as vezes que algo em nossas vidas cessar e diante dessa situação, soubéssemos sobressairmos de maneira positiva, seriamos mais saudáveis e consequentemente teríamos uma vida mais resolvida. Porém, o grande enigma reside em procurarmos explicações para tudo que vemos, ou vivenciamos no cotidiano, e esquecemos que nem tudo é necessário ser explicado e que às vezes certas coisas precisam acontecer para dar lugar a outras.
Vivemos em uma geração saudosista, que sente falta, que chora, que vive somente de lembranças, sobretudo de situações dolorosas. Estamos diante de pessoas que vivem em lutos patológicos, por simplesmente não aceitar a perda, ou a dor. Não estou dizendo que não devemos sentir a dor, ou não ter contato com ela, me refiro a pessoas que escolhem permanecer em situações dolorosas, por simplesmente acharem que é normal.
É importante dizer que cada organismo reage de maneira diferente a cada situação, mas a escolha de permanecer naquilo que acarreta sofrimento é inteiramente pessoal. De acordo com a psicologia ,devemos sim, vivenciar a dor e a perda, mas com bastante atenção para que a situação não traga danos irremediáveis . As fases do luto são basicamente essas: Negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Passar por essas fases é extremamente normal, desde que posteriormente haja uma aceitação por parte da pessoa.
Portanto, foi despedido de um emprego? Terminou um relacionamento? Foi esquecido por um amigo? Esqueça as explicações, as interrogações, vire a página, encerre essa fase, livre-se das lembranças, arrume a bagunça, tire uma lição, sacuda a poeira, faça tudo, menos, permanecer ali. Entenda que nem tudo está no nosso controle, e que algumas coisas simplesmente precisam acontecer, e você será bem mais feliz quando passar a enxergar por essa ótica.
É necessário deixar ir, desvincular-se, desapegar-se, livrar-se das culpas, fechar os ciclos, fechar as Gestalt. Protelar uma situação em busca de uma explicação é algo arriscado e doloroso, isso porque dificilmente você encontrará respostas para suas dúvidas. E como já dizia Fernando Pessoa.
“Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos, antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: Diga a si mesmo que o que passou jamais voltará”.