Quem ama cuida. Sempre ouvimos essa frase. E geralmente ela está localizada na boca de uma pessoa que é bastante ciumenta. Nem todos os ciumentos participariam de passeatas do “orgulho ciumento” – tomara que não exista haha – com faixas que diriam: “ O que é meu é meu e ponto!”
Todo ciúmes tem um lado trágico. Em qualquer cena de ciúmes, das clássicas as doentias, podemos notar que o amor muitas vezes é esquecido e impera o sentimento de pertencimento privativo.
O ciúme doentio aparece em um clássico da literatura. O grande retrata o fato em “Otelo – O Mouro de Veneza”. O livro conta a história do general protagonista da história que coloca em sua cabeça que sua esposa, Desdêmona, está o traindo. E movido pelo ciúme, que evolui para um estado de raiva, ele acaba asfixiando sua mulher. Em seguida, percebe que não passou de uma ilusão e que ela não era adúltera, e então o que era um sentimento de cuidado passou a matá-lo. O general beija o corpo Desdêmona e usa de um punhal para tirar a sua própria vida.
Claro, nenhum ciumento admitiria que é ou que se tornará um Otelo. O ciúmes em si, não me parece um problema muita grave, mas quase sempre a sensação de exclusividade que exige do outro pode se apresentar bastante perigoso a saúde relacional.
O ciumento não é uma pessoa em paz.
Ele transforma a rotina do seu dia-dia em um agitação pessoal, é como se o mundo todo conspirasse contra seus relacionamentos. É bastante característico a insegurança a respeito de si, e a exigência que o outro esteja em contato o tempo todo. Não há um intervalo sequer que ele descanse.
O ciumento não é uma pessoa que confia.
Mexer nas coisas pessoais do companheiro é só o começo. Aos poucos, ele acredita que não fará mal algum apenas “conferir” se existe algo de errado com o outro. Nessa empreitada, a confiança vai lá em baixo.
O ciumento pode não saber diferenciar o amor do ódio.
Quem já esteve com alguém que é um ciumento sabe do que estou falando. Eles são imprevisíveis e obrigam os seus companheiros a ponderar tudo que diz , pensa e faz. Muitas vezes obriga o outro a mentir ou ocultar informações com medo da reação. Alguém ciumento oscila entre o amor e ódio e isso assusta os demais ao seu redor. Em um dia está completamente bem, mas no outro, está descontrolado.
O ciumento não se vê com um delirante.
Existe muita gente que “dá motivos” para que levante suspeitas sobre si. Mas também, muita gente realmente consegue ver além do que existe. Um SMS, uma mensagem na internet, uma roupa esquecida, uma carta na gaveta, um fio de cabelo já faz a pessoa ciumenta criar uma grande história com diálogos e ações que sequer existiram. Todo ciumento é um fantasioso criador de ilusões.
Os ciumentos não se sentem amados suficiente
Todo ciumento acha que o único problema dele é amar demais. No entanto, liberdade tem a ver com maturidade. Quase sempre noto que, o comportamento de um ciumento, é quase sempre um teatro infantil sendo feito por gente grande. A histeria, o nervosismo, a vermelhidão do rosto, os olhares impetuosos são coisas de gente que perdeu o controle, mas que pensa que apenas sofre da “síndrome do cuidado”, do amor exagerado e que não há problema algum nisso. Me desculpem, mas crianças é que não tem equilíbrio emocional. Crianças precisam de regras, horários, ambientes controlados.
Quando os dois se relacionam de forma madura, a liberdade passa a ser um alívio e não um peso. A liberdade só circula bem em ambiente adulto. Sem liberdade não há maturidade, sem maturidade não existe ser livre. O ciumento é um ser orgulhoso e precisa realmente ser liberto de suas crises. Amor tem a ver com cuidado, mas não tem a ver com controle. Aprender isso é difícil, mas é o que nos ajuda a amar com maior qualidade.