A pessoa sem noção tem uma enorme “vocação cômica e trágica”, que está desordenada no seu inconsciente, mas a internet e a sociedade, infelizmente, não perdoam gente assim, seja rica, pobre, famosa, sobretudo, se for político. E ainda recebem os seguintes adjetivos negativos: mala-sem-alça, chato, inconveniente, tagarela, folgado, espaçoso, escandaloso, etc.
Podemos citar certas atitudes do sem noção, que dão munição a esses termos pejorativos, entre elas: sai direto da balada para o trabalho; imprime cópias particulares em grande quantidade na impressora da empresa; grita no telefone ou no restaurante; acende fogos de artifícios perto de crianças; mora em condomínio e possui no “ap.” diversos animais e ainda põe música alta fora do horário, entre outros desatinos.
Antes os desvarios se limitava, apenas, entre amigos e familiares do sem noção. Mas hoje com a internet ele não sabe a hora de calar, expondo suas coisas sem pudor e sem nexo para milhões de desconhecidos no mundo todo, sem nenhum limite moral e estético.
A modernidade líquida exalta essas condutas, já que o espaço privado se apropriou do espaço público. Exemplos disso, é o reality show BBB e o vídeo publicado por uma deputada federal, no qual ela aparece em um barco de luxo ao som de música eletrônica e ao lado de homens sem camisa, tentando explicar os motivos pelos quais não pode assumir o cargo de Ministra do Trabalho.
O sem noção fala de si mesmo, de suas opiniões e dos outros de modo compulsivo e com os mínimos detalhes, em seguida posta tudo nas redes sociais e sem nenhuma preocupação com os erros gramaticas. É que para sem noção – o outro existe apenas para escutar e ver o que ele tem a dizer e mostrar – e nunca para interagir.
Para gente com esse perfil, não existe conduta correta a ser seguida, pois ela faz as regras de acordo com o seu estado de humor. Quem age sem noção, age sem urbanidade, ficando fora do que se espera de uma pessoa responsável, que afastou a civilidade das relações humanas.
A psicanálise aponta que esse indivíduo tem um comportamento, que mistura elementos narcísicos e histéricos, que revela uma necessidade constante de atenção, demonstrando atitudes dramáticas. No começo do século XX esse distúrbio era conhecido por histeria, mas hoje atinge homens e mulheres de maneira diferente, imprevista e confusa.
Como a finalidade de mudar esse modo de agir, é necessário ser uma pessoa humilde e educada, que não precisa ter muito dinheiro, uma vez que são atitudes generosas de quem elogia mais do que critica e escuta mais do que fala. Debate fatos e ideias, e não pessoas, nunca eleva o seu tom de voz e evita assuntos constrangedores, para não expor os outros.
Portanto, a família e a escola têm um papel fundamental em educar nossas crianças e adolescentes nesse sentido, a fim de que elas não se transformem em adultos sem noção ou melhor sem educação, visto que a socialização nos torna capazes de respeitar a cidadania e o espaço de outrem.