Ela é tão jovem, nem tem vinte anos. Eu me assustei pelo fato dela já ter tantas dificuldades para viver no mundo. Ela não tinha sonhos, parecia vazia de objetivos, e suas ideias foram embora com a infância há muito tempo esquecida. Não sabe o que quer da vida e nem imagina o que a vida quer dela, só vive um dia de cada vez, acordando já ansiosa pela hora de dormir. Ela não tem fé, vive desacreditada, quer algo suficiente bom para depositar sua esperança frustrada, mas as pessoas só sabem decepciona-la. Ela quer sentir mais. Cansou de se ver no espelho e ver alguém inútil. Não tem motivos que a levem para frente, mas o passado continuamente a empurra para trás.

Ela persiste em sofrer por dores que já foram curadas. Não aceita um abraço amigo por medo de alguém apunhala-la pelas costas, e desconfia de sorrisos dirigidos em sua direção. Pois essa menina teve seu coração partido tantas vezes que não deixa mais o amor entrar. Mas, no fundo, ela só quer uma amizade sincera, onde os amigos fiquem tantos nos momentos bons quanto ruins, que a tolerem, a respeitem, a amem e que a aceitem assim imperfeita como ela é. Infelizmente faz poucas semanas que foi deixada outra vez, e correu atrás, tentou reatar, mas a ignoraram como se ela nunca tivesse tido algum valor.

E Faz poucos anos que deixou de se cortar, mas em situações de tristeza extrema ela ainda pensa em fazê-lo. Ela relembra o sangue correndo por seu pulso e pingando no chão do banheiro, onde ela abafava o choro e fechava os olhos com força. Aquele alívio passava tão rápido que ela desejava repetir os cortes para sentir outra vez, mas sempre havia o risco de acabar entrando num circulo vicioso que só irá encher seu céu tempestuoso com ainda mais nuvens escuras.

Todavia, essa garota só quer ser amada de forma intensa. Ela só quer que alguém se importe, que diga que ela vale a pena, que é bonita, divertida e que sem ela o mundo seria cinza. Eu disse a ela que o que me ajudou foi ter fé, pois quando todos me deixaram eu corri aos braços Daquele que nunca me deixou e Nele encontrei um refugio seguro, aonde eu não era julgada, mas tive meus machucados sarados. Ele não fez julgamentos ou perguntas desnecessárias, mas disse que cuidaria de mim e me amaria como nunca fui amada antes. E a partir desse relacionamento eu entendi que todos nós precisamos de alguém que nos aceite, que nos abrace, que seja nosso esconderijo durante um furacão.

Tanto ela quanto qualquer outra pessoa que sofrem, que tem dores não curadas, precisam de uma pessoa que a ajude a juntar os cacos. Não é sábio não se permitir ser ajudado. Por mais que o mundo esteja num caos, ainda há anjos em formato de pessoas comuns. Elas ainda sabem amar e fazem isso com um coração sincero. E existem bons profissionais que são pessoas especiais que escutam, dão aconselhamento, iluminam no meio da escuridão, pegam na mão e levam para um lugar seguro. Eu sei que para essa menina e para muitos outros é mais fácil se fechar dentro de um buraco solitário, mas como seres criados para o amor precisamos dele para sermos reconstruídos. O amor ainda é a maior arma, ferramenta, remédio, bussola e propósito. O amor ainda é a maior força, pois, afinal, o amor é Alguém.








Tatielle Katluryn, florescida em 1996, com sangue Maranhense e coração pertencente ao céu. Sou cristã e estudante, apaixonada por livros do séc. XIX e Astronomia. E Deus me chamou para falar aquilo que Ele quer dizer as pessoas, para levar a paz a corações tão ansiosos quanto o meu. É tão linda a forma que Ele me cuida enquanto me usa para fazer sua vontade e só tenho a agradecer por tamanho amor que me consertou sem eu merecer.