Estudei o primeiro grau em uma escola de freiras bem tradicional na época, a Escola Nossa Senhora da Esperança, na cidade onde moro, em Curitiba.
Foram oito anos da minha vida, sentada ao lado de tantas amigas e amigos que fizeram parte dos meus estudos e bagunças. Crescemos juntos, convivemos muito entre aniversários infantis e depois festinhas adolescentes.
A escola tinha poucos meninos e alguns marcaram como ótimos amigos.
Depois da oitava série, cada um seguiu seu caminho.
Naquela época não havia internet e foi fácil perdermos o contato e refazer novas amizades.
Com as redes sociais, não demorou para que reencontrássemos todo mundo de novo.
Foi uma surpresa boa ver como cada um se saiu na vida, e um dos nossos amigos sempre insistia para que nos encontrássemos, naquele famoso “Vamos marcar”.
Aconteceram alguns encontros e pouca gente foi.
Eu não fui a nenhum.
Até que um dia, o nosso grupo do Facebook, nunca quase utilizado, chega com uma bomba: ele, o nosso amigo que agitava os encontros, havia falecido.
Então, todos se reencontraram no velório dele.
Foi triste. Pessoa boa, trabalhadora e de coração bom.
Mais triste foi deixar o “Vamos marcar” para um encontro nada planejado e que chocou todo mundo.
Mas em tudo na vida a gente aprende algo.
Depois disso, unimos as meninas que estavam lá e criamos um grupo no WhatsApp.
O Dani, como era carinhosamente chamado, conseguiu o que queria: uniu a turma novamente, mas não como deveria ter sido.
Hoje, mais de um ano depois do que aconteceu, mantemos nossas conversas diárias e que não se resumem apenas ao “bom dia” e “boa noite”.
No grupo trocamos segredos, desabafamos, damos risada, participamos das conquistas de cada uma e ajudamos umas as outras nos momentos difíceis.
Na nossa turma tem muitas mães, muitas guerreiras, mulheres fortes e inteligentes.
Todas diferentes em suas profissões, diferentes em suas opiniões e estilos, ótimas em debates, mas que não julgam.
Temos um carinho e respeito enorme umas pelas outras.
E sim, nos encontramos algumas vezes, mesmo com a correria diária, em cafés e confeitarias. Fizemos encontro de fim de ano. Estreitamos nossos laços e torcemos pela felicidade uma das outras.
E com certeza, nosso amigo, que tão cedo nos deixou, de onde estiver agora, deve estar feliz pelo reencontro de nossas vidas.
Eu poderia escrever mais um texto sobre o quanto devemos valorizar as pessoas que temos na nossa vida. Mas, sinceramente, não acho necessário.
Nas entrelinhas das nossas emoções, a mensagem ficou clara.
A vida não pode ser adiada. E como sempre repito, “tudo que temos é o agora”.
Dedico esse texto às minhas queridas amigas do Esperança.
E fica também a homenagem póstuma ao Dani, que trouxe as nossas amizades de volta e muito mais fortalecidas.
Carolina Carvalho
@instabynina