Não vou fingir que ainda não penso em você, seria estranho dizer que está tudo bem e que a sua falta não me causa nenhum desconforto. Mas eu preciso dizer que, apesar de você ter escolhido ir embora, e isso de alguma maneira ter me confundido, não pude fazer absolutamente nada.

E não foi porque eu não queria. Pra ser sincero eu queria demais, mas não basta um só querer.

Por mais que eu quisesse lhe pedir pra ficar e tentar convencê-la de que ficar talvez fosse melhor pra nós, por mais que eu quisesse por dois, sei que não seria o suficiente, porque eu não posso querer por você.

E tudo bem te deixar ir. É o mínimo que podemos fazer, deixar que o outro siga o seu caminho.

Compreender que, por mais intenso e verdadeiro que seja, às vezes acaba.

Coisas boas também tem os seus finais e as pessoas nem sempre ficam com a gente.

Você não foi a única, nem o primeira e provavelmente não será a última pessoa que conhece o meu interior e vai embora. Eu sei que você não será a última pessoa a elogiar o meu sorriso, conhecer os meus gostos musicais e se encantar pelas bandas estranhas que costumo ouvir, e pouco depois vai embora. Eu sei que você não será a última pessoa a ouvir os meus medos e os sonhos que tenho, rir das situações engraçadas que passei e encontrar em minhas vivências vontades em comum, e ainda assim, ir embora. Eu sei que você não vai ser a última pessoa que vai olhar em meus olhos e, sem dizer uma palavra sequer, contar o quanto pretende ficar, mas mesmo assim, vai pular fora.

Eu sei que você não vai ser a última pessoa a conhecer o meu interior, enxergar o pouco da minha bagunça particular, me tirar do tédio e me fazer acreditar que vai dar certo, até que de repente, vai embora. Eu sei bem que você não vai ser a última pessoa que vai ter coragem de me contar sobre os seus receios, sobre a sua família complicada e os seus sonhos que parecem tão distantes. Eu sei que você não vai ser a última pessoa a me fazer dormir pensando nos pequenos detalhes que por instantes me fizeram esquecer a minha rotina cansativa e depois que tudo parecer tão bom, depois que tudo parecer tão intenso e único, essa pessoa vai embora.

É assim que é, e a gente não tem controle sobre isso.

Confesso que por muitas vezes eu me culpei por não conseguir entender o motivo pelo qual as pessoas saiam da minha vida, mas depois de tantas partidas a gente começa a entender que as pessoas vão embora e a gente não precisa perder tempo tentando decifrar as razões que fizeram o outro partir.

Deixei de me culpar e comecei a agradecer por ter acontecido até o momento que durou.

Só tenho agradecido por ter lhe conhecido e tido a oportunidade de levar um pouco da sua leveza comigo.

Espero que tenha um pouco de mim em você também, e que esse pouco seja bom. Por vezes acontece de eu lhe querer, mas insisto em lembrar que você já foi.








Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .