Ela pode até não parecer, mas é uma moça vulcânica no sentir. Equilibrada no falar. E um tanto quanto reservada no demonstrar. Sim, às vezes ela tem medo de deixar à mostra o que guarda lá dentro. Ela aprendeu a se conter como forma de não sofrer muito. Ela é profunda, mas é sensata.

Essa moça, às vezes, frequenta multidões, mas é em lugares pacatos que ela gosta mais de estar. Onde seus pensamentos podem ganhar voz, sem julgamentos e impedimentos. Ela não faz questão de que a aceitem. Mas não abre mão de que permitam ser ela mesma, sem máscaras. Afinal, é nisso que consiste a essência do ser. Pra ela, não há razão em estar aqui senão for pra ser quem realmente se é.

Ela, às vezes, me confunde pois possui traços de delicadeza com um quê de fortaleza. Dentro dela existem sonhos tão leves e simples, tão belos e raros que eu quase acredito que estou em um filme francês ao cruzar o meu caminho com o dela. Simultaneamente, ela é a intensidade de um filme de Almodóvar, ela é a presença de alguém que chega e se nota.

Poesias, músicas, livros e versos são apreciações que ela possui. Ouso dizer que Los Hermanos canta alguns dias da sua vida, mas é de Chico Buarque, (Ah, Chico!) que ela gosta mais.

E por falar em gostar, quando ela gosta, ela tem certezas, jamais dúvidas. No silêncio dos dias de solitude, ela aprendeu a se conhecer. Ela não ignora o que diz suavemente o coração. Embora seja fato que ela também tenha medos. Ainda assim, essa moça opta por escutar o que vem de dentro já que o quem vem de fora muitas vezes não vai de encontro à sua alma. E pelo que eu percebo é a sua autenticidade que vai levá-la além.

É no silêncio do quarto que ela encontra a si mesma. É na multidão que às vezes ela se sente só. É no mar ou na cachoeira que ela se diverte. É o barulho da chuva que mais a encanta. Há quem diga que ela é fechada, inacessível… Mas ela é apenas alguém que valoriza sua intimidade. É pra poucos e bons que ela se abre. É pra ainda mais poucos que ela se doa. Por fora ela é até comum, mas por dentro… Ah, por dentro ela é diferente!








Sou personagem de uma comédia dramática, de um romance que ainda não aconteceu. Uma desconselheira amorosa, protagonista de desventuras do coração, algumas tristes, outras, engraçadas. Mas todas elas me trouxeram alguma lição. Confesso que a minha vida amorosa não seguiu as histórias dos contos de fada, tampouco os planos de adolescência. Os caminhos foram tortos, íngremes, com muitos altos e baixos e consequentemente com muita emoção. Eu vivo em uma montanha-russa de sentimentos. E creio que é aí que reside o meu entendimento sobre os relacionamentos. Estou em transição: uma jovem se tornando mulher, uma legítima sonhadora se adaptando a um mundo cada vez mais virtual. Sou apenas uma mas poderia ser tantas que posso afirmar que igual a mim no mundo existem muitas e é para elas que escrevo: para as doces mulheres que se tornaram modernas mas que ainda acreditam nas histórias de amor.