Acho que não temos muito o que conversar, eu sei. Da ultima vez que nos vimos não foi tão agradável assim. Não sei como as coisas se confundiram tanto e como a gente, de repente, nos tornamos desconhecidos um para o outro. Só sei que não devia ser assim, eu não esperava que fosse assim porque pensei que você seria diferente, sabe? Pensei que você jamais faria o que outras pessoas fizeram comigo, arrancar algo de mim e sair por aí, sorrindo, como se nada tivesse acontecido.

Foi bom estar ao teu lado, confesso. Você foi uma das poucas, senão a única, a me trazer de volta aquela vontade de mergulhar cada vez mais em alguém depois de tanto tempo, porque o teu olhar me convidava pra ficar mais um pouco, e sempre que eu ficava, restava o vicio de conhecer ainda mais o teu interior. Eu tinha medo de que a qualquer momento tudo desmoronasse e pra falar a verdade, eu sempre guardei uma ponta de insegurança no bolso. Eu desconfiava que você iria embora quando eu mais desejasse ficar, eu sabia que você poderia sumir, até porque eu não posso te tirar essa direito, não é decisão minha que permaneçam na minha vida quando não desejam isso. Não posso me culpar se você escolheu retornar pros braços de alguém que, não soube cuidar de você e sim te apertar. Não é problema meu se você preferiu voltar a quem ”não te cabia mais”. Você mesmo dizia isso.

Eu podia sentir a brisa da despedida, o cheiro do adeus se aproximando da gente e embaraçando todo o meu cabelo. Eu podia sentir a tua pele quente dar lugar a um espaço frio que com certeza era um aviso de que não me caberia mais ficar. E eu decidi não ouvir, escolhi não escutar o que a minha intuição insistia em me dizer, não considerar o que os seus passos tentavam, aos poucos, me falar. Já que eu tinha aceitado essa viagem, não faria sentido abandonar na primeira tempestade, e foi por isso que eu continuei. Mesmo observando um temporal se aproximar, paguei pra ver até onde isso tudo iria dar.

Mas eu sabia. No fundo eu sentia que não poderia ser verdade, você não poderia querer ficar. E eu sei, por mais que doa, que foi melhor assim. Foi melhor você não ter ficado, não somente pelas confusões que você carregava, mas pela minha estabilidade emocional que nunca esteve lá essas coisas. Foi melhor você ter ido, antes que eu mergulhasse ainda mais.

Por mais que eu quisesse que as coisas acabassem da melhor maneira possível, você não colaborou. Me enfiou em uma de suas confusões, quando não precisava disso. A gente já tinha se despedido, sabe? Mas você riu enquanto eu secava o molhado que você deixou.

Eu pensava, de verdade, que apesar de não mais estar aqui, você seria aquela pessoa foda que eu conheci, que seria aquele alguém maduro e estável que me aparentou ser. No final das contas, o que me incomoda não é ver que você não se importa, porque agora eu também não me importo mais, juro. O que me incomoda é esse teu jeito de desconsiderar o que foi vivido por nós, e agir como se nada tivesse acontecido. Eu nunca aprendo, mas continuo repetindo um mantra até aprender: jamais se envolva com alguém que não superou o ex.








Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .