Sim, o amor vem pra cada um. Mas ele adora gente que não senta e aguarda. Acredite. O amor está no caminho, no passo a passo, no movimento de que também se faz a espera.
Eu tenho a impressão de que o amor acha bonito quem vai em frente, quem se empenha, se orienta e se apruma, quem melhora como pode e evolui de seu jeito, cai, levanta, aprende. O amor se encanta por gente que vai pra vida, porque o amor está na vida!
É isso, sim. O amor é uma força viva e tem um fraco por pessoas fortes, por gente ativa, operária, realizadora, honesta. O amor adora gente cheia de vida!
Pode ver. Nenhum amor suporta pasmaceira, paralisia, estagnação. O amor exige movimento, trabalho, renovação, não suporta poeira, não aceita esperar num canto esquecido, pendurado feito medalha de honra ao mérito apanhando pó. Precisa mexer o esqueleto ou atrofia, enferruja, paralisa e morre.
Amar é um ofício das pessoas vivas! Infeliz de quem espera o amor chegar feito correspondência, encomenda, pacote que cai por acaso da bolsa do carteiro em frente ao seu portão. O amor é encontro. Implica pessoas que circulam e sem mais se cruzam. Tropeçam umas nas outras, param um instante e, se tiver de ser, seguem caminhando juntas.
O amor pode chegar de repente, sim. Mas só para quem vai buscá-lo. Só a quem faz por merecê-lo. Quem senta e espera o amor chegar se contenta com o que vem. E o que vem assim, de graça, quase sempre não é bom. Gente que vive de espera prefere pegar o que tem, deixar como está e viver reclamando, à espera de que um amor melhor chegue do nada, o mesmo amor que ela é incapaz de fazer por merecer, incapaz de sair em busca. Prefere esperar sentada para sempre.
Eu, hein! Eu não. Eu prefiro perambular por aí. Uma hora nos encontramos numa esquina e seguimos adiante, juntos, se tiver de ser. É o que nos cabe, o que nos mantém na vida. Seguir em frente com leveza e com força. Porque o amor, ahhh… o amor tem um fraco por gente forte.