Gostaria de ter aprendido antes que amar é abraçar verdades que não são minhas. Passei tanto tempo desejando sentir e viver algo que correspondesse totalmente às minhas expectativas, que não conseguia admitir que isso não é amor.
Por um longo período, busquei no outro o que me faltava e imaginava que alguém devia suprir esse vazio que hoje entendo que tem o meu formato. Tanta busca infundada me fez deixar de ver no outro o que ele tinha de melhor. Reafirmei inúmeras vezes que a verdade que importava era a que me fazia bem e que eu deveria sempre lutar para reforçar a independência que considerava meu ponto forte. Mas quando a fé em mim mesma pareceu pequena demais para dar o próximo passo, percebi que me faltava amor. Não esse ideal que busquei toda a vida, mas eu estava necessitando aprender a amar verdadeiramente.
Com o foco da mudança em mim e não no outro, estou conseguindo ver a beleza escondida na rotina. Aceitar que não serei um poço de felicidade todos os dias e apesar disso sentir que está tudo bem é como um bálsamo para quem almejava viver de fotos de porta retrato. De tudo que já senti, vivi, ouvi e vi sobre o amor, talvez o que melhor o defina é a simplicidade com que ele se revela.
E ser simples nem sempre quer dizer ser fácil. Não sei quem deu a ele a obrigação de ser pomposo e vir portando um megafone. Amor pode sim estar em palavras, mas ele faz morada no silêncio. Na mão que puxa o cobertor à noite para proteger do frio. Em deixar para o outro último pedaço da sobremesa. Na toalha que você usa quando esquece de pegar a sua. No fazer o jantar juntos. No ligar para perguntar se quer que leve algo da rua. Nos minutos que se fica com o filho para o outro descansar.
A beleza das pequenas coisas se perde quando achamos que “só isso” é pouco. Que isso deveria ser obrigatório. Eu continuo fã de jantares, vinho, surpresas, poemas e declarações verbais, mas aprendi a sentir plenitude no que antes achava pouco. E sentir gratidão pelo que se tem é o primeiro passo para receber ainda mais.