Você não me leve a mal, não. Mas quanto mais o tempo passa, mais eu me convenço de que esperar demais do outro é um imenso equívoco. Motivo certo de frustração, angústia, tristeza e outros golpes duros que vira e mexe a vida distribui entre nós sem distinção de gênero, de classe, de credo ou de cor.

Demorou, mas eu acho que aprendi. Não espero do outro nada além daquilo que eu possa aceitar ou recusar. Se gosto, aceito. Se não gosto, eu recuso. Se nada vier, será tudo conforme o previsto.
Quando temos um acordo pessoal, profissional, amoroso ou seja lá o que for, o óbvio é cumprirmos o que combinamos. É só o que eu espero e olhe lá. Para além disso, o que vier é lucro.

Frustrar a nós mesmos é a coisa mais fácil do mundo. É só sentar e esperar algo do outro para além do óbvio. Seja lá o que for, nunca virá tal e qual esperamos. Então, esperar tanto do outro por quê?

Se cada um fizesse mesmo o que tem de fazer em casa, no trabalho, na rua e em todas as suas interações, o mundo seria um lugar melhor. Seria, sim. Um canto do universo habitado por pessoas mais responsáveis, decentes e felizes.

Tem muita gente esperando do outro aquilo que ela mesma pode fazer e por qualquer motivo não o faz. Está aí uma enorme fábrica de decepção e ódio operando em três turnos, vinte e quatro horas por dia, a todo vapor.

Deixemos desse negócio! Se espero colaboração de alguém que não aprendeu a colaborar, se aguardo ajuda de um sabido egocêntrico ou gratidão de um ingrato confesso, o erro é meu. Errei em criar uma expectativa sem o menor lastro na realidade.

Esperemos menos das outras pessoas. Façamos mais por nossa conta e risco. Seremos uma gente menos frustrada e mais feliz. Vacinada contra as decepções que vierem, grata pelas boas surpresas que chegarem. Melhorando por si mesma, aprendendo a viver em paz consigo e com o outro.








http://www.revistaletra.com.br/ Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.