São numerosas as religiões seguidas pela humanidade através dos tempos. Os mais diversos povos adotaram religiões diferenciadas, algumas nem tão diferenciadas assim. Em certos casos ocorriam afinidades entre elas ou uma derivação daquela que a precedeu e de onde emergiam novos fundadores.
Vale lembrar, a propósito, o caso do cristianismo, que teve suas origens no seu predecessor, o judaísmo. Acabaram divergindo como costuma acontecer entre gerações que se sucedem. Permanecem muitos pontos em comum, mas o mais recente vai seguir caminhos próprios e fazer uso de seus recursos originais.
Há aquelas religiões de agrupamentos mais primitivos que possuem toda uma configuração e proposta diferenciadas. Há aquelas outras de origem asiática. Com poucas exceções, as religiões mais importantes têm algo em comum: visam o bem, a resolução de problemas, o oferecimento de conforto; enfim, visam alcançar e dirimir as dificuldades do viver, do conviver e principalmente de suas consequências benéficas ou maléficas.
Infelizmente, o que acontece, e o que muitas religiões enfocam com destaque, os dogmas, as doutrinas, os mitos, os rituais, mas seus praticantes executam o oposto do que apregoam.
Fundamentalmente, o que se verifica com grande frequência é que praticantes das mais diversas religiões, nas suas atitudes pessoais ou em seu convívio interpessoal dão vazão aos seus piores e mais negativos instintos.
O que ressalta como uma das metas das religiões, em geral, é que o ser humano trate e ame seu próximo como a si mesmo. É nesta máxima que se baseia um dos alvos principais do judaísmo. Mas quantos de nós podem se vangloriar com sinceridade de ter muitas vezes cumprido este mandamento? Não sei. Desconfio que não sejam muitos. Economicamente versada no conhecimento das doutrinas, dos dogmas, enfim dos pormenores e meandros da observação da religião judaica, sou judia de alma, de nascimento, de coração; e minha profunda ligação com o judaísmo é de origem e natureza essencialmente cultural. Sempre partilhei a opinião de que ser verdadeira e essencialmente religiosa, ser um praticante do bem, era considerar e tratar os outros como eu gostaria de ser considerada e tratada pelos outros.
O meu coração, e creio também os de muitas testemunhas das mazelas e dos infortúnios de que somos vítimas no Brasil, atualmente, batem emocionados com a linda, a emocionante atitude do Papa Francisco, ao tomar a iniciativa de telefonar para a mãe de Marielle, a grande mártir e símbolo do momento no Brasil, uma vítima do mal, da injustiça, da barbárie.
O sumo pontífice teve a grandeza acompanhada da singeleza e solidariedade do homem comum. Teve a iniciativa e o coração abertos para oferecer a uma mãe sofredora algum conforto para sua alma despedaçada. É comovente! O impulso que me dominou foi o da vontade de me prostrar diante desse homem extraordinário, de lhe comunicar todo o meu reconhecimento, todo o meu resgate de esperança na humanidade. Com toda a humildade, emoção e ternura, declaro: obrigada, Papa Francisco. Vossa santidade é um lindíssimo exemplo de ser humano! Tem demonstrado muita generosidade, ternura, empatia. Dentro de minha condição de cidadã comum, ouso exclamar: Bravo, Papa Francisco! E ainda com mais ousadia, brado: Deus o abençoe!
*Especialista em Educação pela UFRJ