Todos fingimos não ter medo, mas o sentimos demais.

Uma vez eu perguntei a um homem do que ele tinha medo. Ele parou por um tempo, pensando, pensou mais um pouco e me respondeu: “Eu acho que não tenho medo de nada”.

Pensei comigo: “como é possível alguém não ter medo de nada?”

Daí perguntei: “Tem medo de sofrer? De ser rejeitado? De gostar de alguém?” Naquela hora, ele não soube me responder. Tudo o que disse é que aquele era um tipo diferente de medo e que ele não saberia dizer se o tinha… até eu ver com meus próprios olhos que ele o sentia. Sentia o medo de ser descoberto.

Eu não queria sentir medo todas as vezes que o senti. Eu não queria. E olha, acredito mesmo, aqui comigo, que você também não gostaria de sentir medo diante de algumas situações que poderiam mudar sua vida, ao invés paralisá-lo.

Aquele “eu te amo” no banco da escola que lhe deu tanto medo, que você mal sabia dizer se sentia o mesmo e por que sentia e, se sentisse, o que aconteceria?

Aquela oportunidade que se deparou a sua frente de dizer a alguém o que sentia e você não disse porque estava desesperado demais para confessar seu sentimento; aquelas tantas vezes que não se achou preparado para enfrentar alguma coisa nova, porque não conhecia e, por não conhecer, teve tanto medo que preferiu não viver; aquela chance que poderia ter mudado sua vida e que deixou passar, porque achou que o seu “agora” era quentinho e confortável demais e não quis deixá-lo; aquele “oi” que você poderia ter dado, aquela mensagem que poderia ter enviado mas não enviou, por medo de ser mal interpretado ou descoberto.

Ah, meus amigos! Quantas coisas que perdemos ou deixamos de fazer porque sentimos medo! Sentimos tanto medo de perder nosso controle sobre a vida que fugimos de situações que nos daria resultados tão diferentes dos de hoje!

Sabe o que teria acontecido se tivesse dito “sim” para aquele cara que a chamou para sair? Sabe o que teria acontecido se você tivesse escolhido arriscar um relacionamento com uma garota legal, sem se importar se isso mudaria toda a sua vida? Sabe? Sabe o que teria acontecido se tivesse enfrentado a própria vida e escolhido ser feliz? Sabe?

Não, você não sabe.

Não sabe porque teve medo demais para tomar decisões, achando que, do jeito que estava, era melhor e que seria sempre melhor e melhor, até o dia em que você olhasse para trás e visse que um monte de coisas que poderia ter vivido não viveu, porque teve tanto medo de viver.

O medo paralisa as pernas, amarra as mãos e nos aprisiona. Nós nos acomodamos por sentirmos medo das coisas que não sabemos o que são e nem para onde nos levarão.

Mas, cá para nós… por que diabos precisamos saber onde tudo nos levará? Por que precisamos manter o controle sobre tudo?

E nesse desespero louco por controlar o próprio coração, nos perdemos enlouquecidos em uma vida apática, vazia, simplesmente porque não tivemos coragem de desbravar o “novo”, de aceitar a mudança, de aceitar que podemos amar de novo.

Se eu pudesse… ah, se eu pudesse! Eu juro que tiraria esse medo de você. Eu o arrancaria com minhas próprias mãos e nunca mais se sentirá preso novamente!

As pessoas dizem que querem ser livres, que sozinhas são livres, mas a maioria mentem. Mentem para si mesmas! Mentem dizendo que uma vida de controle é melhor, quando na verdade, estão apavoradas com a ideia de gostar de alguém, de pertencer a alguém ou… de sofrer!

E, dessa forma, se tornam tão prisioneiras de si mesmas que fazem do medo o algoz dominador que controla suas vidas.

Se eu pudesse, eu o ajudaria a não sentir medo, mas, eu também o sinto. Sei como é não arriscar, ter dúvidas, estar inseguro e tentar não se ferir. Vivemos tentando não nos ferir e, quem se importa? Enquanto nos protegemos nessa casca de ovo, perdemos o que a vida tem a nos oferecer lá fora: as experiências que são somente experimentadas quando permitimos e, para nos permitir, é preciso não sentir medo.

Alguém tira esse medo de nós… ele não nos faz feliz!








Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor e o amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.