publicado em sociedade por Mariana Staudt
A babá Christine Ouzounian protagonizou uma confusão envolvendo os casais Ben Affleck e Jennifer Garner e Tom Brady e Gisele Bündchen, por supostamente ter tido um caso com os dois. O problema é que os julgamentos foram todos em relação a ela e poucos pararam para pensar no lado masculino da história. Até quando a mulher vai ser sempre a culpada de tudo?
Não é novidade que vivemos em um mundo machista e paternalista. Há quem diga que isso é um exagero ou coisa de outro século. Existem mudanças, avanços e conquistas para as mulheres? Sem dúvida! Mas ainda não é o suficiente. Para se ter uma ideia, em 2014, foram quase 53 mil denúncias de violência contra a mulher no país. O Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil revela que, de 2001 a 2011, o índice de homicídios de mulheres aumentou 17,2% com a morte de mais de 48 mil brasileiras nesse período, sendo que o índice de mulheres jovens assassinadas foi superior ao do restante da população feminina.
Estes dados representam apenas em parte a realidade. Diariamente, mulheres no mundo inteiro sofrem de violência física, psicológica, moral e sexual. Desde o marido que abusa da esposa, do homem que chama a mulher de vagabunda por sua roupa curta ou do chefe que não acha sua funcionária capaz para determinada função, todos estão violentando as mulheres.
Fora os verdadeiros crimes, existe o estímulo à competição e ao ódio entre as próprias mulheres. Recentemente, uma polêmica envolvendo celebridades foi manchete internacional. O ator norte-americano Ben Affleck separou-se da mulher, Jeniffer Garner, depois de dez anos de casamento, supostamente depois do envolvimento com uma babá, chamada Christine Ouzounian. O jogador Tom Brady, marido de Gisele Bündchen, também teria tido um caso com a mulher e estaria a beira da separação com a modelo. Um agravante da história é que a babá é linda, loira e gostosa.
Como qualquer fato envolvendo o mundo dos famosos, todos têm o direito (será?) de dar sua opinião. Quem, ao ler a notícia, não pensou: “se até a Gisele foi traída, o que resta para mim?” ou “que perigoso ter uma babá dessas em casa”? Ok. Comentários, aparentemente, inofensivos e de bom humor. O problema é que a exorbitante maioria das críticas ou avaliações sobre o caso era sobre a atitude de Christine.
Por que, em praticamente nenhuma situação, ninguém discute sobre o lado masculino da história? Sobre o motivo de uma esposa precisar ter medo de o marido traí-la com uma funcionária bonita. Ninguém sabe o que realmente acontece no jardim do vizinho, muito menos dentro de quatro paredes. Quem sabe, Jennifer e Gisele também tenham traído Ben e Tom. Talvez elas sejam loucas. Talvez tenham cometido outros crimes. Não estou dizendo que existam motivos para justificar uma traição, mas talvez que expliquem. A questão é que, mesmo a partir de boatos, a mulher é sempre a culpada, que se ofereceu para o marido das outras. Que ser bonita não te permite ser inteligente ou uma boa profissional. Que ter um corpo bonito é sinônimo de usá-lo para conquistar algum objetivo. E quando estes apontamentos são apresentados diante de um post sobre todo o ocorrido não faltam comentários como: “A carne é fraca e a ocasião faz o ladrão. Sempre tem um chato para destilar o ódio do preconceito e do machismo”. Será que é tudo tão simples assim? O que aconteceria em uma situação contrária, em que uma mulher comprometida se envolvesse com outro homem? Todos os dias sabemos de alguma violência motivada pela passionalidade.
Até quando a mulher sempre vai ser a culpada de uma traição? Opiniões, às vezes em tom de brincadeira, reforçam o clima de competição entre as mulheres e de submissão aos desejos dos homens.