Constantemente, passamos por situações que esgotam as nossas forças e minimizam os nossos ânimos. Por mais que tentemos escapar, inevitavelmente nos decepcionaremos com as pessoas, seremos rejeitados por alguma paixão, reprovaremos em provas e concursos, seremos preteridos em vagas de empregos ou em promoções em nosso trabalho, choraremos o luto de pessoas especiais, dentre tantos outros reveses pelo caminho.

Estamos sempre preparados para receber o melhor em nossas vidas, ao passo que fugimos à necessidade de estarmos prontos a enfrentar o avassalamento que certos momentos trarão – e eles virão. Parece-nos ser muito natural expormos os sucessos, as conquistas, tudo aquilo que deu certo em nosso caminho, porém, dividirmos nossos equívocos e fracassos chega a ser quase impossível, uma vez que negar algo parece afastar aquilo de nós. Doce ilusão.

Negar nossos fracassos não os impedirá de baterem à nossa porta, obrigando-nos a encarar nossas fraquezas, a refletir sobre o que viemos fazendo de nossas vidas, para que possamos repensar e operar mudanças que nos tornem habilitados a deixar de cometer os mesmos erros. É inevitável despendermos tempo para voltarmos nossas atenções ao nosso pior, digerindo aquilo tudo e renascendo para novas tentativas, com a mente reoxigenada.

O tempo nos ensina a confiar nele e nas verdades que ele sempre nos traz, bem como na infalibilidade da colheita a que todos estaremos sujeitos, de acordo com a qualidade das semeaduras que deixamos pelos caminhos. É preciso que estejamos conscientes de que muito do que sofremos é resultado tão somente de nossas ações, ou seja, agir com vistas às futuras consequências do que fazemos hoje nos poupará de amanhãs dificultosos.

Após as devastações emocionais que passam por nossas vidas, derrubando tudo o que há pela frente, minando nossos sentidos e roubando nosso fôlego, será o momento de decisão, de retomada, de reerguimento. A dor, a revolta e o alquebramento que fatalmente nos invadirão serão úteis, para que esgotemos nossa tristeza, sorvendo-a até que se esvazie e sejamos preenchidos pela construção paulatina de certezas cheias de esperança, com a ajuda dos amigos, da família, do parceiro, de quem, indubitavelmente, estará sempre conosco, junto, disposto, com acolhimento sincero e sorriso verdadeiro.

Trata-se de um processo lento, que requer paciência e resignação, fé e confiança em nós mesmos, em nossa capacidade de nos reinventarmos, de solucionarmos o que parecia impossível, de enxergar refletidamente o mundo à nossa volta, aprendendo e reaprendendo a cada dia. Não poderemos agir e escolher corretamente o tempo todo, mas poder contar com amor verdadeiro nos apoiando fará toda a diferença nos momentos em que a vida não dá certo. É assim que a gente cresce e é assim que a gente vira gente de verdade.








Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.