As Constelações falam da conexão inconsciente das pessoas com seus ancestrais – ainda que remotos e desconhecidos – e das dinâmicas ocultas que existem nas famílias, buscando dissolver padrões negativos – tais como conflitos – que, de alguma forma, impedem o fluxo livre de amor entre os membros de um sistema familiar.
As Constelações Familiares são uma nova abordagem terapêutica, trazida pelo alemão Bert Hellinger, que trata do “sistêmico”, ou seja, considera todos os indivíduos não como seres isolados, mas pertencentes a sistemas, dentre os quais o sistema familiar, que exerce grande influência em todas as questões da vida das pessoas: modo de ser, destino, doenças, relacionamentos, profissão, etc.
As Constelações falam da conexão inconsciente das pessoas com seus ancestrais – ainda que remotos e desconhecidos – e das dinâmicas ocultas que existem nas famílias, buscando dissolver padrões negativos – tais como conflitos – que, de alguma forma, impedem o fluxo livre de amor entre os membros de um sistema familiar.
Nesse contexto, as Constelações trazem como fundamental cuidarmos da nossa postura diante do nosso pai e da nossa mãe, o que pode refletir nos mais variados aspectos da nossa existência, nos tornando mais aptos para a vida e diminuindo as nossas dificuldades.
Segundo tal abordagem, os nossos pais biológicos são de suma importância na nossa vida, pois estão presentes no nosso DNA, ainda que não os tenhamos conhecido, ainda que nem saibamos quem sejam, ainda que não tenhamos convivido com eles ou, até mesmo, que essa convivência não tenha sido boa pelos mais diversos motivos. Somos constituídos pelos nossos pais e, para encontrá-los, basta nos olharmos no espelho: eles estão presentes em cada célula nossa.
Segundo as Constelações, uma das leis que regulam as relações humanas – chamadas de “ordens do amor” – é a lei do PERTENCIMENTO, a qual dispõe que pertencer ao seu sistema familiar é uma necessidade básica das pessoas, sendo esse vínculo o desejo mais profundo de todos, ainda que não consciente. Portanto, estarmos em harmonia, internamente, com os nossos pais, é de suma importância.
Segundo Bert, o simples fato de os nossos pais terem nos dado a vida já é motivo suficiente para que sejamos imensamente gratos. A vida que nos foi dada é algo tão precioso que, ainda que depois eles tenham falhado em algum aspecto, ou tenham sido omissos com as nossas necessidades, esses fatos nunca serão maiores do que o fato de nos terem permitido nascer.
Todos viemos ao mundo através de um homem e uma mulher e somente com essas pessoas a nossa vida foi possível, pois se fosse outro pai, ou outra mãe, seria também outro filho.
Hellinger salienta que precisamos tomar os nossos pais sem ressalvas, olhando para as pessoas reais – e falhas – que são e perceber a grandeza da sua missão de pai e de mãe, da forma como foi. Ele ressalta que devemos percebê-los como pessoas comuns que disseram SIM à nossa vida, nos trazendo ao mundo, independentemente da forma como isso tenha ocorrido.
O fato de estarmos vivos já é o suficiente para que tenhamos condições de irmos, por nós mesmos, atrás do que precisamos. Logo, não devemos ficar na postura de cobrança em relação aos nossos pais, desejando que eles tivessem agido diferentemente ou lhes exigindo o que quer que seja, pois estamos aqui e podemos buscar por nós mesmos.
Nessa perspectiva, a nossa postura deve ser a de permanente e incondicional gratidão pela oportunidade de viver, sendo que o caminho da aceitação dos nossos pais é o que irá nos liberar para uma vida mais leve e abençoada.
Outra questão fundamental que Bert traz é nos colocarmos, sempre, como pequenos diante dos nossos pais. Independentemente da idade que tivermos, eles serão os grandes e nós os pequenos. Eles vieram antes de nós, e isso está ligado a outra “ordem do amor”: a HIERARQUIA, segundo a qual quem chegou primeiro em um sistema tem precedência sobre quem entrou depois, sendo o posicionamento dos membros do grupo ordenados pelo quesito “tempo”.
Então, a não ser no caso de pais realmente incapazes por doenças ou afins, devemos permanecer na postura de filhos, de pequenos, dos que vieram depois, e respeitarmos as suas escolhas, deixando que eles dirijam suas próprias vidas. Ainda que acreditemos que seria melhor para eles fazerem isso ou aquilo, que fossem mais assim ou assado, não devemos interferir, pois isso, definitivamente, não nos cabe. Devemos, pois, permanecer constantemente no nosso lugar, sem tentarmos ser os “maiores”, os que sabem mais ou os que conduzem.
Para nos harmonizarmos nos mais diversos aspectos da nossa vida, segundo as Constelações Familiares, precisamos ser verdadeira e incondicionalmente gratos pela vida, nos colocar no nosso lugar de pequenos perante os nossos pais, e largar a postura de cobrança pelo que quer que seja, ou a postura de quem sabe o que é melhor para eles, tentando resolver as suas questões ou conduzir a sua vida.
Uma boa maneira de nos conectarmos com essa abordagem é fazermos a seguinte vivência: num lugar tranquilo, sentarmos com a coluna ereta, fecharmos os olhos e nos imaginarmos diante dos nossos pais, com o genitor à direita da genitora. Fazemos, então, uma reverência a eles, nos curvando à sua frente, e agradecemos pela vida, dizendo-lhes, mentalmente, algo como: “A vida veio a mim ao preço total que custou a vocês, e eu a aceito com tudo o que veio com ela, com todas as limitações e oportunidades. Vocês me deram o suficiente e eu aceito com gratidão e amor, sendo que cuidarei do resto. Agora, os deixo em paz”.
Importante destacar que essa mudança de postura independe de os pais estarem vivos, pois se trata de uma mudança interna.
Sempre é tempo, pois, de tomarmos a vida em toda a sua plenitude e sermos mais leves e felizes.