A destruição que os jovens causaram na escola representam a destruição das suas almas.

É difícil entender o que passa na cabeça de um adolescente que entra armado numa escola para matar inocentes ou, ainda, para desferir machadadas naqueles que já estão feridos. Quando foi que o coração deles explodiu e virou um frio e gélido depósito de ódio assassino?

Certamente, não foi de uma hora para a outra. Nem foi um jogo de videogame que os tornou tão maus, embora possa ser a origem da ideia. Mesmo assim, esse plano endiabrado, que mais assistimos nos filmes de Hollywood, foi uma construção minuciosa de experiências que vão minando o valor que eles têm de si mesmos, muito antes da tragédia. Estava lá já, precisando apenas de um gatilho para dispararem o gatilho.

O bullying na escola possui suma importância a essa destruição na autoestima, quando por anos e anos ouviram deboches e suportaram implicâncias.

E a cada dia o sorriso se fechava mais até cerrarem os dentes, espremerem os lábios e partirem para o contra-ataque. E para evitar tal processo, todos nós precisamos estar unidos e reagir diante de qualquer situação de bullying, ou nos tornaremos cúmplices de tragédias como essa.

A destruição que os jovens causaram na escola representam a destruição das suas almas.

Cada palavras de deboche foi sentida como uma machadada no coração, cada rejeição foi um tiro em suas autoestimas.

Eles queriam acabar com os outros porque se sentiam acabados e o desfecho do suicídio ratifica o maior dano que o bullying pode causar, um ódio mortal sobre si mesmo.

Mas a questão principal não são as risadas que ferem, os comentários que rasgam o coração nem o sentimento de inadequação ou a vontade de morrer.

O que desestrutura mesmo é não ter um porto seguro em casa para recarregar o amor-próprio e entender que o bullying remete a fraqueza de quem o faz e não de quem o sofre.

Que o bullying é errado. É crime. E que não podemos deixar que a falta de respeito e empatia dos outros tenha o poder de destruir nossas vidas.

Isso não quer dizer que os pais são os culpados pelas tragédias, que os assassinos são vítimas da sociedade ou que quem cometa o bullying mereça um castigo mortal.

Nada disso.

O que precisamos compreender é que, mais do que nunca, faz-se necessário que os familiares prestem muito mais atenção em seus filhos, pois é por trás de pequenos gestos, comentários sutis e atitudes nem tão esquisitas que se escondem bullies e assassinos.

Eles se odiavam muito, menos pelo bullying e mais porque lhes faltava amor. Era o que acreditavam.

E os pais têm papel fundamental em fazer seus filhos se sentirem amados e especiais. Os pais têm essa responsabilidade de dar-lhes importância, perguntar porque estão tristes.

Fazê-los falar, descarregar, colocar para fora. Participar dos seus problemas e ajudar a resolvê-los, a ver de outra forma e, principalmente, deixar claro que sempre estarão por eles independente de qualquer coisa.

É no amor do lar que salvamos a autoestima dos nossos filhos, apesar do bullying, e, então, as brincadeiras nocivas da escola perdem sua importância quando se tem o conforto do abraço afetuoso e da atenção da família.

É, mais uma vez, em casa e pelo exemplo que ensinamos aos nossos filhos a respeitar às diferenças.

É através de uma boa educação que eles aprendem a ajudar um colega com problemas, em vez de desmoralizá-lo por suas dificuldades, aparência ou preferências.

Por isso, nunca deixe passar em branco risadas preconceituosas ou comentários hostis que seus filhos proferem em relação aos outros. Ensine-os a compreender, em vez de julgar e que é preciso respeitar e ser respeitado.

Também não ignore a rebeldia do seu filho. Ela é um grito de socorro por amor. Não desmereça seus silêncios nem seus isolamentos. Embora a reclusão seja o oposto da comunicação, ela nos fala bem alto um significado muito importante.

Alerte-se caso ele não queria ir para a escola, nem sempre é preguiça. Qualquer mudança de comportamento pode ser uma pista para a próxima tragédia.

Portanto, esteja atento. Tente dialogar e se não funcionar, procure um profissional ou vá até a escola falar com a pedagoga. Relate o que se passa.

Ajude seu filho. Porque, mais do que salvar a vida dele, você pode estar evitando que um dia você seja a mãe ou pai de um doce anjo que se transformou em um cruel assassino.

Foto: FP/GETTY-IMAGES








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