Por: Vinicius Wawrzeniak
Desde quando me conheço por gente, sempre fui muito questionador. Educado em uma escola católica tradicional, me declarei ateu por que não compreendia como “Deus”, um homem de barba branca tão poderoso, podia ser tão cruel a ponto de criar um inferno para seus filhos.
A minha fase “ateu” foi curta, e no auto dos meus 11 anos comecei a me interessar por espiritualidade e autoconhecimento, talvez pela minha família ser espírita gerando certa curiosidade pelo “ocultismo”, algo que para mim era, até então, incompreensível.
Com este despertar, veio a frequência assídua a Centros Espíritas, Centros Budistas, casas Hare Krishnas, contato com a Kaballah, o Sufismo, além do aprofundamento nas práticas do Yoga. E fora nessa peleja que pude compreender melhor alguns assuntos da minha vida, aprendendo a avaliar e validar tudo que ia aprendendo, até chegar a minha concepção do que é a espiritualidade, e o que seria “Deus”; o caminho do autoconhecimento e expansão de consciência é infinito e sempre traz momentos e pessoas para aprendizagem.
Foi nesse caminho que conheci o parceiro que dividiu comigo 5 anos de vida. No início ele era ateu, mas durante os cincos anos que se seguiram tornou-se extremamente espiritualizado. E fora no meio do percurso que ambos trabalhando no mundo corporativo, eu em Relações Internacionais, e ele em Direito, decidimos levar nossa relação para ser vivenciada em um novo lugar.
Largamos nossos empregos em São Paulo, capital, e mudamos para uma ecovila em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. O convite para tal caminho veio de um mestre nosso na época, e o objetivo era trabalhar a nossa relação para nos conhecermos melhor. Foram meses mágicos! Morando e vivendo no meio a mata, respeitando a vida a nossa volta, tomando deliciosos banhos de mar e acordando as 5 horas da manhã com um sorriso no rosto para no primeiro raio de sol, estar de enxada na mão revolvendo a terra. Lá, cruzamos com pessoas incríveis, também em busca de autoconhecimento e conexão.
Médicos, poetas, mestres espirituais, concepções religiosas e filosóficas, vivência em rituais e tantas outras coisas.
Apesar de tudo parecer estar no devido lugar, não estava. Percebi que era o momento de percorrer essa jornada sozinho. Meu relacionamento ganhou um tempo, e eu resolvi abrir mão da ecovila em Ilhabela para voltar para São Paulo. Foi neste frágil momento, que a convite de meu irmão, foi visitá-lo em uma ecovila na Bahia na qual mora. Deixei que a intuição guiasse meus passos e seria lá na Bahia que lavaria a alma! Exerci meu estado de presença de maneira plena. Me entreguei à oportunidade! Tanto me entreguei, que aos surfar sofri um acidente em alto mar, deslocando o ombro.
De molho e em recuperação da lesão, conversei com um amigo sobre se reinventar, e ele comentou sobre massagens, cura e energia. A conversa foi impactante, e era o que eu precisava, pois comecei uma série de pesquisas, e entre tanta procura achei o curso “Abhyanga”, uma técnica terapêutica de massagem da Ayurveda, a ciência da vida, que seria ministrada por um monge budista. Tchau, economias! Oi, Abhyanga!
Quis contar a minha história até aqui para afirmar aquilo que faz muitos duvidarem: nossa vida flui para tudo que dedicamos nossa verdadeira atenção!
Me tornei além de massagista Ayurveda, amigo do monge que ministrou o curso. Além de ter encontrado um caminho, ajudava as pessoas e ainda era remunerado por isso. O monge, que além de amigo, se tornou um mestre, me ajudou ao longo dos dois anos seguintes a chegar no caminho que percorro hoje: o de Terapeuta Ayurveda.
Com mais experiência e vivencia na Ayurveda, percebi que o yoga – que há tantos anos já chamava minha atenção e vinha me ensinando tanto – poderia ser um grande alinhado nessa jornada de autoconhecimento.
Quando escolhi o Yoga, a Índia surgiu nos meus sonhos e fiz com que se concretizasse. Foi nas margens do Rio Ganges, em Rishikesh, capital mundial do Yoga, que estudei o yoga e aprofundei meus conhecimentos em Ayurveda em uma clínica médica e terapêutica. Além de ter aprendido muito sobre gratidão.
A grande lição até aqui, nessa jornada, é o quanto a vida flui quando buscamos incansavelmente o nosso propósito. Provavelmente o Vinicius que foi para a Bahia não imaginava que tantas coisas poderiam acontecer na vida dele através de uma formação inicialmente como um simples “massagista”. Provavelmente aquele mesmo Vinicius não iria acreditar se eu contasse que a volta para São Paulo seria tão produtiva, que tornaria-se terapeuta, professor de yoga, voluntário e que levaria de coração o bem para o máximo de pessoas possíveis.
Ah, o ciclo de prosperidade! A gratidão tem muito mais poder do que podemos imaginar. Quando trabalhada diariamente, a vida dá conta de nos levar pelos melhores caminhos. Ser grato pelo seu momento atual de vida é saber que muita coisa ainda está por vir, e independente de serem “boas” ou “ruins”, é ter certeza que tudo será repleto de incríveis lições, e que na verdade, tudo pode ser “ótimo”, basta da maneira como enxergamos o mundo a nossa volta.
Gratidão por sua leitura até aqui. Aguardo você aqui no Cotidiano quinzenalmente para compartilharmos juntos de um caminho do amor e gratidão à vida.