Ando correndo para lá e para cá, abrindo portas, fechando portas. Abro gavetas para procurar embaixo das meias, faço bagunça e depois jogo tudo de volta no mesmo lugar. Tenho pressa, sim. O tempo passa e digo que não quero ficar para trás. Demorou até eu finalmente estabelecer minhas prioridades, mas hoje afirmo e repito: tenho pressa em ser feliz.
Decidi usar e abusar da minha hiperatividade. Nunca consegui ficar parada vendo a vida passar pela janela mesmo. Mas o diferente agora é que não vou estar inquieta pelos motivos errados. Chega de ficar balançando o pé impaciente porque o ônibus está demorando muito para passar. Não quero mais morder o canto do lábio por nervosismo em não saber como vai ser o dia de amanhã. E, definitivamente, chega de correr enquanto culpo mentalmente a mãe natureza quando começa a chover bem no dia que fiz hidratação no cabelo.
Dessa vez eu vou andar rápido, sim. Mas em direção à minha paz. Não ligo se os minutos estão passando depressa e meu ônibus ainda não chegou, mas me incomodo imensamente em ver o relógio avançando e eu aqui, desejando ser feliz e não fazendo nada para que isso aconteça.
O dia de amanhã é, de fato, um mistério indecifrável, logo não preciso aumentar meus batimentos cardíacos tentando decifrá-lo. Quero que meu coração acelere pela minha ansiedade em acalçar o que mereço. Que eu sinta que vou explodir por dentro, mas simplesmente porque não consigo mais guardar dentro de mim toda a felicidade que me cabe.
Chega desses discursos prontos que eu mesma fiz para mim: preciso-disso-e-preciso-pra-agora. Calma lá, tudo o que eu preciso pra agora é entender que nada vai sair como eu planejei e que se eu for enlouquecer todas as vezes com isso, já é melhor ir colocando a camisa de força. É preciso saber esperar e aprender a lidar com as curvas que a vida coloca nos nossos planos retilíneos.
Não é mais necessário transformar minha vida em uma aventura épica, eu me contento com uma comédia romântica água com açúcar, desde que minha personagem esteja com os pensamentos voltados às suas emoções e não ao roteiro. Porque os imprevistos a gente não controla, mas como nos comportamos diante deles, sim. E hoje eu sei que gosto dos meus capítulos, mesmo os que eu não escrevi – aliás, principalmente o que eu não escrevi – porque sei que independente dos diálogos, ações e cenários, em todas as páginas a minha única urgência é ser feliz.