Não gosto de ser comparada a ninguém, assim como não gosto de ficar me intrometendo na vida do outro.
Aprendi a encontrar meu canto e dele tomar conta, como quem sabe que é nele que preciso estar e me centrar, seja com o coração, com a razão, dentro do espaço a que tenho direito.
Eu tenho meu time, eu tenho um relógio emocional que funciona dentro de mim, seja entre sorrisos, lágrimas, emoções surreais.
Que frequenta lugares, conhece gente, esvazia gavetas, atrai-se pelo que interessa a alma; que já deixou de fazer alguns planos e aprendeu a colocar os pés mais em terra firme, por mais que sinta vontade de decolar para longe, para lugares desconhecidos ou simplesmente para viver o que ainda preciso viver.
Um dia vou envelhecer, um dia vou me sentar em algum canto e olhar para o horizonte talvez tomando uma xícara de café com alguém que tenha me acompanhado durante minha trajetória, sendo companhia de vida.
Analisarei com mais calma a bagagem que carreguei, as que menos suportei e onde fiz morada, seja dentro de um universo mais limpo, seja dentro de um universo mais repreendido pelos sonhos que sonhei e não realizei.
Vou falar de algumas coisas, vou me ressabiar com outras, vou dizer que peguei o trem na estação da saudade, muitas vezes, querendo sempre partir em busca daquele amor que já ficou para trás, e que, muitas vezes, fui em frente desobedecendo à imposição de muita gente que não soube me fazer feliz e, mesmo assim, ainda quis tomar conta do meu destino.
Mas meu destino tem cheiro de mato, de terra molhada, tem cheiro de entardecer misturado ao gosto do que eu rebeldemente enfrentei, sem a aprovação de ninguém.
Não gosto que se refiram a mim como um ponto de interrogação. Já fui começo, meio, já tive fins.
Um pouco misteriosa, exotérica, acredito em milagres, em santos e anjos protetores, acredito em qualquer coisa que me leve ao lado desconhecido da vida, ao lado espiritual que me guia por caminhos antes totalmente desconhecidos e que multiplique minha fé dentro da minha crença de amor e sustentação em nome do bem.
Sou tão gente quanto qualquer um que esteja lendo isto agora. Já dei a cara para bater muitas vezes e doeu. Doeu muito.
Na verdade, quem mais me contrariou ou me machucou foi quem menos torceu por mim. Foi assim que aprendi a suportar as minhas dores. Vivendo cada novo instante como quem se curva diante do perdão e se ajoelha esperando uma nova porta se abrir.
Não gosto de muitas coisas assim como tenho me adaptado a tantas outras.
Um dia, pode ser que eu deixe bilhetes e mensagens como forma de jamais me esquecer de tudo que eu preciso reaprender realinhar e reencontrar, lá no fundo daquele galpão, onde acumulei meu eu.
Não quero poeira emocional acumulada. Quero o coração arejado para ser achado por alguém que saiba me fazer feliz.