A síndrome do pânico não tem idade, identidade, apenas atiça o inferno nos cotidianos, querendo se autoafirmar na fragilidade das pessoas.
Por Simone Guerra
A síndrome do pânico não tem idade, identidade, apenas atiça o inferno nos cotidianos, querendo se autoafirmar na fragilidade das pessoas.
O pânico é tão covarde, que precisa do nosso corpo para se fazer em sintomas de pavores, nos fazendo vulneráveis a muitos medos. O medo de morrer, de enlouquecer, talvez, sejam os piores deles.
De repente, um medo e uma coleção de pavores se instalam. Depois de instalado, a síndrome do pânico dá um jeito de ficar entre as rotinas dos nossos dias e nos fragilizando.
Ficamos em estado de alerta após as primeiras crises.
O cérebro se condiciona ao pânico e nos dita a hora de sentirmos em doses ordinárias, o medo. Nos sentimos frágeis, tristes, em constantes expectativas ruins, de que, todos os sintomas aparecerão mais uma vez…
Se desencadeia a síndrome do pânico devido aquela vida turbulenta, cheia de agendas.
Pode estar ligado a depressão e ao estresse. Pode acontecer após a perda de alguém ou algum trauma.
Pode ser decorrente de outras doenças e pode aparecer do nada. Esse tal medo vem acompanhado de tremores, medo eminente da morte, medo de enlouquecer ou perder o controle, taquicardia, sudorese, sensação de flutuação (como se o espírito estivesse saindo do corpo), formigamento e dormência pelo corpo ou partes dele…
Uma dor no peito que parece infarto, perdemos o ar e a respiração fica ofegante… O pânico é tão covarde, que precisa do nosso corpo para se fazer em sintomas de pavores, nos colocando vulneráveis a muitos medos, que pessoas à nossa volta não entendem.
O medo de morrer, de enlouquecer, talvez, sejam os piores deles.
Depois das crises, podem aparecer choros. E o medo do medo, olha para nós, confrontando nossa rotina com aquele sadismo de “até a próxima vez”. O medo nos faz reféns dele e pode nos trancar dentro de casa por algum tempo, por anos. Ele devasta os nossos risos em troca de tensões.
Pode parecer loucura. Pode não ser entendido por muitos. Pode ser falta de serviço. Pode ser patético.
Pode ser desculpas para encarar a realidade.
Pode ser… Rótulos que carregamos porque não temos como explicar o que é uma crise de pânico, apenas quando o sentimos instalado em nós.
As más informações acerca da doença, que não é “piti”, causa indiferença, consternação ou preocupação entre nós e o outro.
O medo do medo, não presta, não vale nada. O medo nos castiga, nos joga na lama e nos faz sentirmos impotentes.
A crise aparece em qualquer lugar, e quem nos socorre, pensa que somos loucos, problemáticos… Somos levados para o pronto socorro muitas vezes, fazemos todos os exames e nunca se têm diagnósticos.
Tudo no nosso corpo está bem, mas estamos doentes com tantos sintomas estranhos ao mesmo tempo, até que algum médico nos aconselha a procurarmos um psiquiatra ou um neurologista.
E alguns médicos, mesmo conhecendo a doença, nos olham com dúvidas, nos observam com aquele olhar que nos diz: frescura, chatice, essa pessoa aqui de novo, isso não existe…
Se o doutor não acredita no medo do medo, imagina nossas famílias, nossos amigos, nossos colegas que vivem nos socorrendo. O que as pessoas não entendem, é que a síndrome do pânico são medos que nos abraçam sem piedade, sem explicações para o mundo.
Temos que ser fortes, respirar fundo em cada crise, experimentar vários remédios, até que algum deles faça o efeito necessário.
Medicação, terapia e terapias alternativas, eis a grande ajuda para muitos.
Ficamos limitados, dependentes de remédios e nos fechamos no nosso mundo paralelo.
A ansiedade, o estresse, a depressão e outras doenças que nos dão de presente a síndrome do pânico, são impiedosas e não se preocupam em nos atirar no precipício dos medos.
E por desespero, algumas pessoas ainda procuram ajudas espirituais com gurus, médiuns, curandeiros… Ou viverão até que uma cura instantânea possa resgatá-los daquela armadilha.
A síndrome do pânico não tem idade, identidade, apenas atiça o inferno nos cotidianos, querendo se autoafirmar na fragilidade das pessoas.
Não tem como explicar tais sintomas, apenas quando se vive. Pode parecer sem explicação. E daí? Se há coisas íntimas gostosas de se sentir e não temos como explicar, por que deveríamos ter explicações para o pânico que é covarde e mau caráter?
O mundo contemporâneo, tão apressado, cheio de contradições, com agendas lotadas, muitos afazeres, nos fazem máquinas, e quando nos explodimos em medos, percebemos que o nosso humano precisa daquele conserto de paz e alívio.
Esses medos… Os outros medos… Todos os medos, nos colocam contra o muro da realidade em se viver melhor, é verdade! A fuga? Vai ser individual, porque cada pessoa vai, aos poucos, descobrindo qual o melhor remédio, a melhor alternativa para que o tratamento seja mais eficaz.
Quando se desencadeia a primeira vez, carregamos o medo em segredo nos pensamentos, quem sabe, uma vida toda. Para quem conseguiu sobreviver e vencer os malditos sintomas, por favor, viva melhor a cada dia.
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