Deus, o que estou pedindo agora é pouco, mas necessário, é parte do que me dignifica. Não preciso de tanta coisa assim, aprendi, nesse percorrer, que tudo pode se desfazer em um segundo, aprendi que tudo pode ficar diferente do que é e que sou um ser falível. O que eu estou desejando agora vem através do que o Senhor me ensinou. Já não colho mais desafetos nem resgato mais o tempo que se foi, apenas levo na bagagem o tanto de energia de que preciso, o tanto de força e desapego necessários para que não me sinta acuada nem forçada a nada.
No espaço que me dedico, no olhar que se envolve com pequenas coisas e grandes milagres, que aceita com mais tolerância e respeito o que o Senhor quer de mim, sinto a dimensão do Universo, das fases que atravessei, da maturidade que alcancei sem me lançar em fúria, raiva ou inveja.
Confesso que, muitas vezes, foi difícil aceitar a trajetória, os tombos, as perdas, os altos e baixos aos quais me sujeitei. Era necessário, era pelo que eu tinha de passar. Mas quem sou eu, além de alguém que está aqui a passeio, que está aqui tentando se dedicar com mais.
Deus, se cada um acreditasse um pouquinho mais, se cada um aprendesse a se colocar no lugar do outro, certamente, não haveria tanta dor emocional, tanto desrespeito ao próximo, tanta culpa jogada em ombros distintos.
Os tempos são difíceis porque não há entendimento e fortalecimento espiritual.
Dizer amém parece fácil, mas seria mais simples se em cada um houvesse a gratidão, o reconhecimento de suas falhas, cultivando fé e a reciprocidade, se cada um agisse de acordo com o princípio básico, como o Senhor espera “Amar ao próximo como a si mesmo.”
Poucos se amam porque não conseguem oferecer esse amor limpo, humano, livre de sentimentos nocivos e sem rejeição. Amar é se doar sem precedentes, é investir em outra vida com amparo e nitidez de alma.
Muitas vezes, o olhar procura aquilo com que sonha, procura o que sente, que transmite muitas vezes um sinal vindo de um lugar desconhecido. É o etéreo mostrando, dizendo, acariciando o coração. Onde estão os receptores, onde estão os que se projetam dentro da luz do amor?
Deus, por vezes, sinto imensamente a banalidade em que se transformou esse planeta que deveria ser feito de paz e elevação.
O que eu peço é calma, respeito e tolerância.
Peço menos ouvidos abertos para fofoca, intriga, peço menos ouvidos abertos para palavras que ferem, para atitudes que fazem pessoas sangrarem em dor profunda.
Peço por aqueles que amo e com os quais sinto uma conexão além de mim, pessoas empatas, que vieram para me dizer que muita coisa ainda vale a pena.
Peço luz para chegar ao coração de quem precisa, peço oração por quem adoeceu a alma, por quem ainda não aprendeu a perdoar. Peço com clareza e desprendimento, porque muito de mim já se encontrou.
Sei que o Seu Tempo é algo inquestionável. Agradeço. Agradeço por me fortalecer e me fazer alguém que não se contamina mais pelos gestos nocivos, que não se encanta com coisas fúteis. Fui crescendo, apesar de ainda me sentir pequena. Sua grandeza é alimento para o meu livramento, é bálsamo para os dias mais aflitos, é apoio para minhas reflexões internas.
Neste instante, não sinto dor, não sinto tristeza, não sinto medo, deixo apenas o Seu conforto se aproximar, deixo o meu caminho livre, deixo a vida sinalizando que não preciso me agarrar a nada, apenas preciso de sentimentos que se assemelhem em honestidade e generosidade.
Minha espiritualidade é feita do que em mim aceito. Deus, eu O aceito, recebo, convido-O a ficar.
Esteja sempre comigo! Amém!