Somos levados a pensar que quem critica alguém nunca cometerá o mesmo erro que apontou no outro, mas não é bem assim que as coisas acontecem normalmente.

A crítica pode vir de diversas frentes. Independente da origem e de suas variáveis, em meu ponto de vista, quem é objeto de críticas, dificilmente irá considerá-las positivas ou “construtivas”. A não ser que tenha desenvolvido a humildade ao longo da vida.

Ainda que o crítico em questão se dirija ao “criticado” com cuidado e carinho, sempre haverá por trás da máscara social, muitas vezes intocada e imóvel, um ego ferido.

A pessoa pode criticar por ter a noção do que é certo e tentar ajudar a outra pessoa a não errar. Ou pode criticar pelo simples fato de se achar superior em que tudo, e o que vê no outro, interpreta negativamente.

A questão é que as pessoas não gostam de ser criticadas!

A grande maioria, vê a crítica como uma ofensa ou diminuição. Avaliam como uma invasão e uma afronta aos seus princípios éticos e morais.

O problema é maior quando a pessoa que tem um perfil crítico e autoritário comete o mesmo “erro” (que julgou inadmissível outrora) que a pessoa que foi alvo da sua crítica.


Uma pessoa que é capaz de realizar o mesmo ato que critica no outro perde completamente a sua credibilidade!
Visto que passa a imagem para os outros de que é uma pessoa idônea, e por isso, devemos confiar nas suas avaliações sobre os comportamentos dos outros.

Mas ao passo que ela age de forma igual ou parecida com aqueles que ela tanto julgou, ela se perde no belo discurso, e todos a sua volta passam a perceber que ela incorpora em sua vida um velho ditado: FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO.

Sabemos que é extremamente difícil agir sempre corretamente, e que uma hora ou outra a gente acaba tropeçando na nossa própria língua, mas sabemos também que é muito mais fácil apontar o erro do outro do que o nosso.

É difícil ser psicólogo de nós mesmos e buscar sempre saídas fáceis para o que sabemos ser a escolha correta.

Às vezes, não sabemos se estamos certos com as escolhas que fizemos, mas a certeza pode vir de tentativas que deram errado no meio do caminho.

Avaliar o outro é sempre mais fácil do que avaliar a nós mesmos!

E mais difícil ainda é reconhecer que fizemos algo igual ou parecido com o que criticamos no outro. A questão é que toda ação tem uma reação. Nós fazemos as nossas escolhas e depois temos que arcar com as consequências.

Quem critica e comete o mesmo erro também merece uma segunda chance?

Dois pesos, duas medidas. Depende do tamanho do erro cometido e como isso afeta o outro.

Errar é humano, mas reconhecer que errou é sinal de grandeza!

Permanecer no erro é burrice, assim diz o ditado. Se temos a consciência do erro e voltamos a cometê-lo é porque alguma coisa está errada.

Pode ser que a vaidade, o egoísmo e alguns desvios de caráter estejam impedindo que a pessoa enxergue seus próprios atos, e por isso, ela acaba se sentindo superior, e se colocando em uma posição de julgador.

Sendo assim, é preciso começar a fazer uma mudança interna para modificar esses pontos obscuros da sua personalidade.

Critique a si mesmo, olhe para os seus erros, e reconheça-os, só assim poderá transformá-los.

A crítica tem que ser para si mesmo e ao externalizar, que seja de maneira amena e com traços verbais que não sugiram agressividade ou arrogância.

A humildade tem que ser trabalhada na vida humana!

Ser humilde é ter sabedoria para saber como expressar sua opinião ao outro.


Quem critica só por criticar pode não ter boa intenção.

Quem vive a criticar um comportamento no outro, e assim que uma dificuldade se apresenta, vai lá, e comete o mesmo ato que reclamou, precisa desenvolver uma autorreflexão.

Se pergunte:

Como posso me comportar em discordância com aquilo que minha consciência entende como correto?

Se foi possível para esta pessoa cair na armadilha da repetição de um erro que ele mesmo criticou no outro, quem sabe seja esta a oportunidade que a vida lhe apresentou para que aprenda a desenvolver a autocrítica, ao invés de criticar o outro.

Quando criticamos os outros, na grande maioria das vezes, carregamos em nós este mesmo aspecto. Mas sempre é mais fácil enxergar no outro esses aspectos negativos. É mais fácil cegar a nossa visão do nosso comportamento reprovável. Por puro ego, evitamos nos reprovar.

A visão do outro é sempre melhor observável do que a visão do nosso mundo interior, com nossos conteúdos sombrios, e por vezes, completamente desconhecidos.

“O estranho que me habita, sou “eu”, e o outro “eu” é meu”.

Essas duas identidades se digladiam o tempo todo. É uma luta que travamos entre o que é inconsciente e latente; e o que é consciente e manifesto.

É preciso perdoar o outro pelos seus erros e enganos. Bem como, se perdoar pelos seus próprios.

Sem usar de desculpas ou se distrair de si. Mas sim, perceber que, assim como o peixe, você acabou morrendo pela boca, e aproveitar deste evento negativo, para dar um salto positivo de aprendizado na vida.

O erro duplo, de fazer o que criticou no outro, é também a chance (dupla) de rever suas certezas e desenvolver a auto responsabilidade, mas principalmente, perceber: estou no lugar em que coloquei o outro, e agora?

Cabe a própria pessoa, evoluir e seguir em frente. Esse ato de reconhecer tudo o que fez de errado, tanto ao criticar, quanto ao cometer o mesmo erro, lhe devolverá a “credibilidade” perdida.

Quando do ruim se tira o bom, quer dizer, quando do erro retiramos o aprendizado, a vida nos dá a oportunidade de evoluir, a gente cresce e amadurece.

A humildade em reconhecer que cometeu o mesmo erro que criticou no outro, lhe devolve a credibilidade perdida, mas caso você não modifique o seu comportamento excessivamente crítico, o ocorrido poderá vir a se repetir.

E quem o acompanha na estrada da existência poderá não mais querer a sua companhia! Por isso, é melhor não ser a pessoa que critica, cuidado!

Lembre-se: Quem muito critica acaba sendo criticado!

Foto: Meramente Ilustrativa

*texto de Fabiano de Abreu – Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University;Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio,Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal;Três Pós-Graduações em neurociência,cognitiva, infantil, aprendizagem pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard;Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.Neurocientista, Neuropsicólogo,Psicólogo,Psicanalista, Jornalista e Filósofo integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies-PT30079.
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Fabiano de Abreu Rodrigues é psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro. Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional. Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil. Lançou o livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ no Brasil, Angola, Espanha e Portugal.