Desde o final do século XX até o início do século XXI, testemunhamos um avanço tecnológico sem igual. No entanto, todos nós chegamos a isso? Respondendo a essa pergunta, chegamos ao conceito de “exclusão digital”, criado em meados dos anos 90. Seus principais difusores foram o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e seu então vice-presidente Al Gore.
Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU, dizia: “As tecnologias da informação e comunicação não são uma fórmula mágica, mas podem melhorar a vida de todos os habitantes do planeta”.
Essa exclusão se refere à separação que existe entre as pessoas que usam a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e aquelas que não usam. Talvez porque não podem ou porque não sabem como.
No artigo a seguir, analisaremos esse conceito com mais profundidade, bem como os problemas que ele implica e as possíveis formas de resolvê-lo.
O que é a exclusão digital?
As inovações tecnológicas não são disseminadas de forma regular pelo sistema. Ou seja, nem todas as empresas ou indivíduos se tornam usuários, e menos ainda usuários avançados.
Assim, as diferenças culturais e econômicas nos países subdesenvolvidos significam que apenas 10% da população tem acesso à Internet, enquanto nos países industrializados esse número é de 58%.
Desse modo, percebemos que a maioria da população tem um deserto de conhecimento nesse processo que abre portas para um maior desenvolvimento e conforto em todos os nossos aspectos da vida cotidiana.
Atualmente, a tecnologia pode ser considerada uma ferramenta essencial para o desenvolvimento e avanço de nossas vidas.
As desigualdades ocorrem especialmente nos seguintes aspectos:
- Acesso ao equipamento. Isso é chamado de ‘a primeira exclusão digital’.
- Desconhecimento das tecnologias ao nosso alcance. O que seria ‘a segunda exclusão digital’.
A primeira e a segunda exclusão digital
A chave é entender que a barreira mais difícil não é a do acesso, mas a do uso. Isso ocorre porque as inovações tecnológicas dependem do uso que se faz delas e da maneira como elas afetam a vida das pessoas.
Portanto, é crucial que cada indivíduo possa usar as inovações de acordo com as suas necessidades e interesses.
Ter acesso à Internet não é suficiente. O problema é a exclusão do conhecimento das “habilidades digitais” necessárias para viver e trabalhar, sobretudo nas sociedades caracterizadas pela crescente importância da informação.
Aqui, um ponto que devemos destacar são as diferenças de gênero em relação às habilidades digitais. Enquanto a primeira exclusão digital tem um claro componente geracional e educacional, a segunda exclusão digital afeta mais as mulheres do que os homens.
Portanto, a preocupação com as diferenças de gênero no uso de computadores e na Internet está crescendo, além de ser uma questão difícil de resolver.
Problemas da exclusão digital
Do ponto de vista social, se uma parcela importante da população não tem acesso a partes da tecnologia consideradas cruciais, podem surgir desigualdades econômicas e sociais, e outras já existentes podem se fortalecer.
Por outro lado, vemos que as novas tecnologias criaram dois polos com um claro impacto no mercado de trabalho: pessoas com fácil acesso às tecnologias e pessoas com acesso difícil, caro ou impossível. Essa divisão pode ocorrer entre países, mas também entre pessoas do mesmo país ou cidade.
Dessa forma, países que não podem tirar proveito das vendas das TIC perdem competitividade. Além disso, dentro de cada país a diferença entre os que têm e os que não têm acesso geram uma nova segmentação no mercado de trabalho em que os primeiros têm privilégios para entrar e escolher o local de trabalho.
Existe uma solução?
O crescente avanço da tecnologia trouxe inúmeras vantagens. Entre elas, é possível destacar:
- Permite a comunicação com qualquer parte do mundo de maneira rápida e fácil.
- É uma ferramenta ideal para trabalhar e estudar.
- É uma fonte inesgotável de entretenimento.
Portanto, o Estado, por meio de políticas públicas, deve trabalhar para eliminar essa exclusão digital e democratizar o acesso e uso das TIC.
Uma redução da exclusão digital implica uma redução das desigualdades em geral, o que permite que mais pessoas tenham a oportunidade de aprender e encontrar empregos melhores.