Confesso. Eu não estou nem aí para certas coisas. Respeito quem acredita que “o desprezo é o contrário do amor” e outras teses. Mas eu discordo. Desprezar o que não nos serve é um exercício de liberdade, um gesto de amor por nós mesmos e por quem interessa.

Tem coisa e tem gente por aí que não merecem um segundo da nossa atenção. Assim como de quando em vez não se pode ficar indiferente a uma atitude duvidosa, de vez em quando é preciso não ter dúvida de desviar e seguir adiante.

Acho mesmo que o direito de concordar que discordamos é uma das prerrogativas da vida em sociedade. Anda ao lado do nosso dever de respeitar a opinião do outro. E se a opinião do outro me incomodar a ponto de eu querer distância dele, eu mantenho distância e pronto!

Não é que eu seja indiferente, não. É que cuidar da minha própria vida já dá um trabalhão danado! Deus me livre de tentar mudar o pensamento alheio.

Tem dias em que eu bem gostaria de me lançar a uma discussão interminável sobre assuntos polêmicos, ressaltar a diferença entre fatos e impressões pessoais, defender a minha tese de que não é preciso mudar a posição do outro para provar que a minha é melhor que a dele, argumentar que somos diversos e que isso é uma riqueza imensa. Mas não.

Às vezes eu bem quero responder a uma provocação aqui, um insulto ali, uma incorreção acolá, mas aí eu olho as horas, percebo a pilha de trabalho que me espera e deixo para depois. Quem sabe outro dia? Agora não dá. Agora eu tenho coisa mais importante. Agora eu tenho mais o que fazer.








http://www.revistaletra.com.br/ Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.