Durante o surto, não surte! Fique bem! Faça o que faz bem!
Tenho lido inúmeros desabafos de homens e mulheres que estão em profunda crise existencial neste conturbado cenário que estamos vivendo.
Estão se sentindo desmotivados e oprimidos pela enxurrada de informações sobre o vírus e, não obstante, pela pressão das redes sociais que justifica a desmotivação com falta de produtividade.
O fato é que temos que nos manter mentalmente sãos. Ponto. Não importa se vai ficar vendo Live de cantor sertanejo, se vai fazer Arte Terapia, se vai treinar com as celebridades às 8h da matina, se vai se reunir com profissionais para discutir novos meios de investir, se vai maratonar suas séries preferidas, se vai fazer tutorial de maquiagem, se vai praticar Cozinha terapia, ou se vai parar todo o home office, no meio do dia, para tirar um cochilo, após uma crise de choro compulsiva.
Tenho me dividido em todas as cenas descritas acima e sabe de uma coisa?
Estou sem culpa nenhuma, se perco um dia, ou dois, apenas vendo filmes, e comendo minha santíssima trindade: Doritos, Refri e Chocolate.
Ah, mas isso não é nada saudável! Naturalistas dirão.
Eu sei. Mas leu o que escrevi? Eu disse “ um, ou dois dias” e neste período.
Isto quer dizer que sou desregrada? Claro que não!
Todos precisamos do “dia do lixo” pra matarmos nossa vontade de estarmos saciados com algo que realmente gostamos.
Isto é como um presente fora de hora a si mesmo.
Uma promoção, por ter aguentado tanto tempo vivendo no limite, com o time dos mocinhos.
Mas de vez em quando a gente precisa sim andar na linha contrária a que foi demarcada. Entre Comer, Rezar, e Amar, há uma tênue linha do Negar, Engolir, Sufocar.
Tem gente diurna, tem gente noturna, tem gente introvertida, tem gente extrovertida, tem gente focada, tem gente que procrastina, tem gente carente, tem gente autossuficiente. Enfim. Qual o problema em sentir de forma diferente e agir de acordo com o que se sente?
Longe de mim ser incentivadora de autopiedade. Isso, não. Mas é da natureza humana a fragilidade.
Até no reino animal é assim. Já viu o olhar lânguido e tristonho que um cachorrinho te lança quando você chega em casa e não dá carinho para ele? Sabe o quanto ele fica destroçado por dentro? Pois é.
Todos sentimos, e muito. Mas cada um tem se agarrado à sua válvula de escape com unhas e dentes.
Para diante do surto, não surtar!
Vejo posts de mães desabafando sobre a dificuldade de manter a concentração das crianças nas aulas online e o quanto estão exaustas por terem que limpar absolutamente tudo que chega da rua, além de cuidar da casa, marido, roupas, comida, bolar entretenimento, improvisar festinhas de aniversário com reuniões pelo Zoom com os amiguinhos e ainda estudarem, trabalharem e estarem bonitas para seus maridos não se divorciarem delas pós quarentena.
E aí elas veem a vida de celebridades em suas lindas casas pregando produtividade, glamour, criando mil coisas legais para entreterem-se,enfim. Mas aquilo ali é FAKE!
Aquilo é marketing! É publicidade!
Ninguém, em sã consciência, está feliz neste isolamento.
Ninguém!
O surto é uma pandemia, não um concurso de popularidade.
Sua maior preocupação agora tem que ser em ficar bem e aguentar firme. Por sua vida. Por você, pela sua família, pelos teus amigos, pelo seu amor.
Passou um imenso tornado e as unhas estão encravadas no colchão, agarradas desesperadamente por salvarem suas vidas e se manterem sãs e salvas.
Como um pedaço da carcaça de um barco naufragado boiando no oceano, e que, ao avistamos ao longe, ainda esbaforidos, quase sem ar e muito menos, forças de enxergamos como uma chance de sairmos com vida.
E abraçamos o nosso bote salva vidas, com os olhos lacrimosos fitos no horizonte, suplicando aos céus por mais um dia.
Ou uma vida inteira por diante.
O que estou querendo dizer a você, queridos, é o seguinte: Façam o que acharem que melhor cabe para manter sua sanidade mental, neste momento.
Não se compare com ninguém.
A grande maioria, só veste uma máscara de superioridade para esconder o medo que anuvia sua faces, encobertos por uma capa de coragem.
Só, por favor, não se entregue.
O dia perdido de trabalho hoje, o dia preguiçoso do treino da live, o dia em que o prato passou do ponto, no forno, o dia em que o amor não retornou a mensagem, é só mais um capítulo. Não o livro.
Não tem como escrever uma história em um dia somente.
Ela é feita de intervalos e passagem de tempo.
Portanto, dance, cante, escreva, durma, produza, chore, ria, estude, durma mais um pouco e então, na manhã seguinte, acorde, agradeça a Deus por mais um dia e persista, criança, persista.
Nem nos contos de fadas os lindos finais felizes começaram felizes.
Todos eles passaram por períodos longos de intempéries, suor, sangue e lágrimas.
No final, elas culminaram em risos. E eles serão bem vividos.
Lembre-se; até a lagarta sofre para virar uma linda borboleta. Mas como ela respeita sua metamorfose?
Simples. Ela aceita, confia e principalmente, ela se resguarda. O vôo pertence aos resilientes. Viva suas fases.
Durante o surto, busque não se apegar às coisas ruins, se conecte as coisas boas que estão acontecendo. O surto passará, mas o aprendizado ficará para sempre em nossos corações.