Escuta reativa: quando as pessoas te ouvem apenas para poder te criticar

Por Valeria Sabater

Ouvir apenas para criticar, para impor a própria opinião sem compreender o outro também é uma forma de violência. Porque a comunicação que exclui a escuta ativa e empática de forma voluntária é uma forma de agressão

A escuta reativa define um tipo bastante comum de comportamento comunicativo. É aquele em que uma pessoa voluntariamente “desliga” sua capacidade de ouvir o outro e se concentra apenas em criticar, invalidar argumentos e deixar clara sua posição, opinião ou visão particular a todo custo. São processos comunicativos tão desconfortáveis ​​quanto frustrantes.

A maioria de nós já experimentou isso em mais de uma ocasião.

São aquelas situações em que, por exemplo, precisamos explicar a alguém o que nos aconteceu e no meio da conversa percebemos duas coisas.

A primeira é que a comunicação foi interrompida, porque eles nem nos deixam terminar a nossa apresentação.

A segunda é que a outra pessoa levou a conversa ao seu terreno e está nos julgando e dando sua opinião sem ter perguntado.

Esse tipo de situação às vezes é vivenciado de forma violenta. Porque nos sentimos magoados, porque poucas coisas são tão necessárias no ser humano como sentir-se compreendido e fazer da linguagem esse canal para fazer pontes, nos validar, nos reconhecer e nos apoiar.

Quando isso não acontece, o espinho da insatisfação permanece e os relacionamentos perdem o significado.

Escuta reativa e escuta ativa, qual é a diferença?

Muitas das pesquisas nas ciências sociais demonstraram por décadas o sério impacto que a escuta reativa tem.

O mais complexo é que, às vezes, é usado inconscientemente.

Como pode ser?

Vamos nos perguntar.

Na realidade, existem padrões de personalidade em que esse traço é pouco mais do que uma constante, uma nuance integrada e motivada por múltiplos gatilhos.

Os narcisistas, por exemplo, raramente ouvem e se o fazem, o propósito é instrumental: manipular quem tem pela frente.

Assim, quem integra em sua personalidade a falta de empatia e aquele egoísmo em que prioriza sua própria opinião e suas próprias necessidades, dificilmente se desvinculará daquela forma de comunicação violenta em que escuta para criticar, não para compreender.

Vamos mergulhar em mais aspectos.

Escuta ativa e escuta reativa: da compreensão à agressão

Estudos como os realizados na Universidade de Washington mostram algo óbvio que devemos considerar.

Organizações em que o ambiente de trabalho é definido pela escuta ativa têm melhor bem-estar.

Dessa forma, líderes que utilizam um estilo comunicativo empático resolvem melhor os problemas e tudo isso reverte para o progresso daquela empresa.

A diferença entre escuta reativa e escuta ativa está na disposição de se conectar com a realidade do outro.

Este último se define, antes de tudo, por exigir um ouvinte focado, com vontade clara de entender quem está à sua frente e, por sua vez, disposto a abrir mão de seu “ego” para saber esperar sem interromper e ser paciente.

“Assim como existe uma arte de falar bem, existe uma arte de ouvir bem.”Epictet

Por que uma pessoa opta por usar a escuta reativa?

Se realmente estamos nos perguntando por que alguém opta por se comunicar de forma reativa, devemos entender várias coisas.

A primeira é que esse estilo de comunicação não é escolhido, ele faz parte de um estilo de personalidade. É um padrão de comportamento comum.

São figuras que distorcem o conceito de diálogo ou conversa: transformam-no em discussão.

No momento em que iniciam esse processo de comunicação, eles só têm um objetivo: vencer, impor sua opinião independentemente do contexto daquela conversa.

Sempre acabarão levando para suas terras para deixar a marca de seus julgamentos pessoais.

A necessidade quase obsessiva de impor os próprios argumentos define uma personalidade narcisista.

Muitas vezes, é também o reflexo de alguém definido por uma clara imaturidade emocional, egoísta e infantil que busca apenas impor sua opinião.

Uma pessoa madura, autoconfiante e assertiva não precisa desafiar o outro com seus julgamentos e opiniões.

Além do mais, ele gosta de assistir a outras visões, leva-as em consideração e se enriquece com elas.

O que fazer se estou conversando com alguém que não me escuta e apenas me recusa?

A escuta reativa é uma fonte de estresse em ambientes de trabalho.

Também de sofrimento absoluto nos relacionamentos.

De certa forma, é um aspecto que frequentemente encontramos em nossas interações na sociedade e na privacidade do lar.

Assim, como apontamos no início, essas situações definem, em muitos casos, aquele tipo de comunicação violenta que tanto dói.

O que podemos fazer nesses casos?

A primeira coisa que devemos entender é que esse tipo de diálogo em que há alguém que nunca escuta, que nos impõe sua visão das coisas e que se recusa a nos compreender, é prejudicial.

É muito difícil, por exemplo, conviver com um parceiro que apresenta esse comportamento dia após dia . Na ausência de vontade de mudar, uma decisão drástica deve ser tomada.

Por outro lado, se você vivenciar essas situações ocasionalmente, há um primeiro passo essencial.

Vamos evitar ficar na defensiva.

Não podemos agir da mesma forma que a pessoa reativa-agressiva.

Baixemos as defesas e entendamos antes de tudo quem temos pela frente: alguém sem empatia, nada assertivo e imaturo.

Discutir com eles é inútil.

O ideal é simplificar: faça uso de mensagens curtas e assertivas.

Deixe claro que, se eles não o ouvirem, não é possível continuar.

Dê um exemplo de como a escuta ativa é aplicada, mostre que sua intenção é compreender e não atacar.

Enfim, a arte de saber ouvir o outro, de se conectar com a sua realidade para tecer um diálogo útil, é uma arte que nem todos dominam.

No entanto, todos podemos aprender. Só é preciso vontade, abertura e maturidade emocional.

“Se for para escutar, abra os ouvidos para uma compreensão profunda, e pare de criticar!” Iara Fonseca

*Foto de Ilona Panych no Unsplash

*Com informações LMM

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