Por que você precisa assistir “Um sonho de mil gatos”. Uma história que ensina de forma lúdica como funciona o sistema de crenças.
Em agosto de 1990, Sandman #18 veio a público com a história “Um Sonho de Mil Gatos”. A protagonista é uma gata siamesa que, após ter sua ninhada morta pelos próprios humanos que a acolheram, tem um encontro com o “Gato dos Sonhos”. Ela exige saber o porquê tudo aquilo aconteceu. Ela queria entender se existia alguma regra universal que justificasse a morte de seus filhos e a escravidão felina imposta pelos humanos.
Para responder as suas perguntas, a divindade onírica conta uma história.
A história contada por Morfeus, em forma de gato, fala sobre um passado longínquo onde felinos gigantes reinavam na terra e o homem era a presa destes seres ancestrais, mas tudo mudou quando mil seres humanos sonharam com o mundo onde vivemos hoje.
Teoricamente, para que a raça dos felinos voltasse a reinar e se livrasse dos flagelos do dia-a-dia, pelo menos mil gatos deveriam fazer o mesmo.
Mas, há uma variável nesta história onde Gaiman traça uma ponte ligando o universo de Sandman com o do leitor.
O Gato dos Sonhos também explica à siamesa que a atual raça dominante remanejou todo o espaço-tempo, portanto nunca houve de fato um passado glorioso de felinos gigantes.
Isso, entretanto, não anularia o poder da empreitada dos mil sonhadores. Assim sendo, a gata sai mundo afora espalhando a boa nova que transformaria o universo a favor deles.
Mais próximo do final da história de Sandman, após uma comunhão ministrada pela gata siamesa, um gatinho devoto conversa com um vira-lata sobre os ensinamentos do culto.
Este segundo gato não abraça totalmente as lições. Não gosta da ideia de ser “obrigado” a fazer alguma outra coisa só porque outro gato falou. E isso é totalmente válido.
Ele ouviu a história, mas ela ressoou de uma forma diferente nele.
Isso indica que a empreitada dos mil gatos sonhadores dificilmente se concretizará, pois nós leitores puxamos esse cenário e o colocamos ao lado do nosso. Várias pessoas entram em contato com as mais distintas egrégoras. Nem todas são tocadas pelas sagradas palavras apresentadas.
Todavia, isso não torna a participação dos devotos menos importante.
O filme fala sobre modelos de vida. Caminhos espirituais dotados de virtudes e promessas de dias melhores.
O gatinho mais jovem consegue falar com a siamesa e diz com toda certeza do coração dele que acredita no evangelho. E ela responde dizendo que “então há esperança”.
A crença do devoto pode não mudar o mundo da forma magnânima que lhe foi prometida, mas sua base estabelece novos parâmetros para sua vivência.
Um sistema de crenças altera comportamentos, renova pontos de vista e torna o indivíduo mais confiante na procura do dia-a-dia, e isso vai além do que já conhecemos em forma de igrejas.
Um sistema de crenças pode surgir a qualquer um baseado em suas referências e opiniões sobre o mundo afora. Trata-se de um fenômeno que vive dentro e fora do espectro religioso “oficial”.
Portanto, leitor, eu o convido a se sentir confortável com o que acredita, pois assim como o gatinho da história, suas virtudes tornarão sua vida mais leve e, mais importante ainda, significativa.
*DA REDAÇÃO RH. TEXTO ESCRITO POR Victor Phols – é escritor iniciante. Quadrinhos, Heavy Metal e Monstros Gigantes são sua santíssima trindade. Publicado originalmente em Quadrinheiros.
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