O Ártico quebrou recordes de calor no ano passado, quando um ar excepcionalmente quente provocou o derretimento maciço de gelo e de neve e um congelamento tardio no outono – disseram cientistas do governo americano nesta terça-feira (13).
A avaliação foi publicada no Arctic Report Card 2016, um relatório revisado por pares de 61 cientistas de todo o mundo, emitido pela Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
O relatório abrange o período de outubro de 2015 a setembro de 2016, quando “a temperatura média anual do ar no Ártico sobre a superfície terrestre foi a mais alta do registro observacional”.
“Raramente vimos o Ártico mostrar um sinal mais claro, mais forte, ou mais pronunciado, de aquecimento persistente e seus efeitos em cascata sobre o meio ambiente do que neste ano”, afirmou o diretor do Programa de Pesquisa do Ártico da NOAA, Jeremy Mathis.
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A região ártica continua se aquecendo mais de duas vezes mais rápido do que o restante do planeta, que também deverá registrar seu ano mais quente nos tempos modernos.
Os cientistas do clima dizem que as razões para o aumento do calor incluem a queima de combustíveis fósseis que emitem gases causadores do efeito estufa, que prendem o calor na atmosfera, bem como a tendência de aquecimento do oceano El Niño, que terminou no meio do ano.
A temperatura anual do ar sobre a superfície terrestre do Ártico foi 3,5°C maior do que em 1900.
A temperatura da superfície do mar no mês de agosto de 2016, no auge do verão, foi 5°C acima da média de 1982-2010 nos mares de Barents e Chukchi e nas costas leste e oeste da Groenlândia.
“É evidente que o atraso recorde no congelamento da cobertura de gelo marinha no outono de 2016 está associado com temperaturas quentes sem precedentes do ar e da superfície do oceano”, explica o relatório.
Essa tendência de aquecimento também levou a uma cobertura de gelo jovem e fina que derrete facilmente.
“A extensão mínima do gelo marinho do Ártico desde meados de outubro de 2016 até o final de novembro de 2016 foi a menor desde o início dos registros por satélite, em 1979”, disse.
Essa extensão também foi 28% menor do que a média de 1981-2010 para outubro.
Uma parte maior do gelo que congela no inverno é fino, e resultado de apenas um ano de congelamento, em vez do gelo mais espesso e mais resistente que se acumula ao longo de vários anos.
Na Groenlândia, a camada de gelo continuou a encolher e a perder massa, como vem acontecendo todos os anos desde 2002, quando começaram as medições por satélite.
O derretimento também começou cedo na Groenlândia no ano passado, o segundo mais precoce em 37 anos de observações, e próximo ao recorde estabelecido em 2012.