Hoje li o artigo “A Human Resources Career is Not for “Nice” People” e achei tão interessante, que decidi traduzi-lo para que mais pessoas possam ter acesso a ele.
A visão do autor do artigo vai ao encontro do que é amplamente falado: RH tem que ser estratégico, mesmo que para isso não seja exatamente “legal” ou agrade a todos na empresa.
Eu mesma vejo muito em publicações tanto no Linkedin quanto no Facebook de pessoas que optam por essa carreira por “gostarem de pessoas” ou, pior ainda, “por não gostar de cálculos” e não analisam se possuem, de fato, as competências necessárias para a área.
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Com o passar dos anos, frequentemente jovens talentos pedem para que eu seja seu mentor, porque eles querem trabalhar em Recursos Humanos. Eu adoro ser mentor, mas eu gosto por causa das razões certas. Então, eu normalmente faço a pergunta: “Por que você quer trabalhar em RH?”. Muitas vezes, a resposta é algo parecido com “Eu amo trabalhar com pessoas, desenvolvendo-as e ajudando-as”. Para o que eu costumo responder “Se é o que você quer fazer, então você deveria trabalhar em operações ou gerência geral, não em RH”. Geralmente essa é uma resposta que choca, mas eu sou honesto. A percepção errônea de que o RH é um lugar “legal” para trabalhar porque trabalha com pessoas é dominante, e normalmente leva o tipo errado de talento para essa função.
Para ser honesto, ser legal é normalmente uma expectativa e um requisito para trabalhar no RH. É difícil para as pessoas imaginarem que seus colegas de RH não são pessoas “legais”. Mas eu penso que é aqui que os jovens profissionais se confundem. Eles veem colegas e líderes de RH como “legais”, percebem que o negócio todo trata-se de ajudar pessoas, e por engano assumem que ser uma pessoa “legal” é qualificação suficiente para a função. No entanto, “legal” é apenas um ponto de partida – nem a princípio o suficiente.
Justo, não legal
Como eu estava falando com um amigo sobre isso uma vez, ele validou o meu ponto de vista apontando que em Recursos Humanos nós não estamos no negócio “legal”, nós estamos no negócio “justo”. Eu acredito que esse é um insight interessante. Vamos considerar algumas das funções de RH como exemplo:
- Reestruturação: onde há reestruturação organizacional, haverá vencedores e perdedores. Lidar com as pessoas que estão confortáveis é fácil. Mas em toda reestruturação há aqueles que perdem seus empregos ou acabam sendo transferidos para áreas que não gostam. Essas pessoas merecem respeito e um processo justo. Ser legal apenas não é suficiente. (…)
- Recrutamento: há poucas coisas mais agradáveis do que dizer a alguém que foi aprovado no processo seletivo e conseguiu a vaga de emprego. Infelizmente, para cada um que é aprovado, há muitos outros que queriam aquele emprego e não conseguiram. Não é divertido dar o retorno negativo.
- Remuneração é sobre pagar pessoas pelo que o cargo vale, não o que elas querem. Isso frequentemente causa desconfortos e tensão. Os profissionais de RH devem aprender a explicar os fatos e a realidade, não apenas para os empregados em todos os níveis, mas também para os seus gerentes, que acham que deveriam ser capazes de pagar mais. As vezes nós somos portadores de ótimas notícias nesse aspecto, mas mais frequentemente, nós devemos encontrar caminhos de manter a integridade da estrutura salarial.
- Gerenciamento de talentos é sobre diferenciar grandes talentos e investir neles mais do que em outros empregados. Informar a esses talentos individuais que foram selecionados para treinamentos especiais certamente é algo muito agradável. Mas para cada talento há muitos outros que não o são, e frequentemente temos que explicar porque existem essas diferenças nas recompensas.
- Treinamento e Desenvolvimento é sobre proporcionar os treinamentos que as pessoas precisam, e não o que querem.
- Relações Trabalhistas é sobre garantir que temos um ambiente de trabalho consistente e justo, não fazer todos felizes sob suas próprias circunstâncias.
- Cultura é sobre criar um grande e efetivo ambiente de trabalho, não necessariamente um ambiente “legal”. Grande e legal não são sinônimos.
É difícil perceber que as percepções comuns que o RH é um lugar fácil para trabalhar, legal ou divertido, são completamente enganadas. É lógico, isso pode ser divertido. Mas quando é bem feito, é um trabalho difícil.
Recentemente eu fiz um contato em uma conferência. Esse senhor começou sua carreira como um engenheiro aeronáutico, depois migrou para a área financeira e agora trabalha em RH. Eu perguntei a ele sobre essa transição para o RH, e eu adorei esse trecho da sua fala:
“Eu fiquei surpreso sobre quão difícil RH é. Desenhar aviões que não caiam é muito mais fácil que ser gerente de RH.”
Empatia é a chave
Eu acredito que o que os profissionais de RH realmente precisam não é gentileza, mas empatia. Ou seja, entender e levar em consideração como as pessoas se sentem. Nós devemos fazer o trabalho, às vezes duro, que a nossa empresa precisa. Se for feito com empatia, e ajudarmos outros líderes a terem empatia, isso fará uma grande diferença. Como função, é esperado de nós notícias difíceis e feedback, ou ajudar outros líderes a darem feedback. É sempre melhor fazer isso em um caminho empático.
Balanço
Como profissionais de RH, nós devemos manter tudo isso balanceado se quisermos manter a sanidade. Vida balanceada é crítico, ou de outra forma isso pode nos sobrecarregar e nos tentar a deslizar para o agradável para evitar o trabalho duro, o que não é o que a organização precisa. É importante respirar as vezes e manter isso em perspectiva. Eu amo meu trabalho, não porque é “legal”, mas porque eu encontro meios de ajudar a organização a atingir seus objetivos através do capital humano. Isso é estratégico, mas é uma arte que precisa ser praticada todos os dias para ser bom nisso. Ajudar e observar as pessoas crescerem é ótimo. Mas ajudar e observar a companhia crescer com as pessoas é ainda mais importante e recompensador.
Então, se você quer trabalhar em RH, por favor tome nota do que é realmente importante para o sucesso e tenha certeza que você quer seguir nessa carreira pela razões corretas. Se você já trabalha em RH, respire, mantenha a perspectiva e foque no que é mais importante. Tenha empatia, mas faça a coisa certa e não tenha medo de entregar as mensagens difíceis.
Se você não é nenhum dos dois, vá dar um abraço no seu colega do RH e demonstre a apreciação que ele/ela merece.
Brian Walker é um executivo internacional de Recursos Humanos, com significativa experiência na América Latina, Ásia Pacífico e Europa. Ele é apaixonado por RH Estratégico, RH Transformacional e cultura. Brian reside atualmente em Flower Mound, Texas.
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Artigo traduzido por Cláudia Feijó – Consultora de Recursos Humanos e Coach de Carreira para Profissionais de RH.