Se você aceita qualquer descaso, está na hora de rever a relação que tem consigo mesmo.
Se você aceita qualquer descaso; falta de carinho e reciprocidade; migalhas de atenção e consideração; e permanece num relacionamento em que precisa implorar, insistir, cobrar e até jogar para ter alguma dignidade, está na hora de rever a relação que tem consigo mesmo. A vida é recíproca com quem se trata bem.
É ilusão querer escrever nossa história sem sair da linha, sem errar a margem dos parágrafos, sem ter que corrigir uma ou outra palavra usando a borracha.
É ilusão acreditar que a vida pode ser redigida conforme nossas regras, com todas as vírgulas e parênteses nos lugares certos, sem espaços em branco, ausências, silêncios constrangedores, falta de reciprocidade.
É ilusão considerar que tudo está sob nosso controle; e perder a fé na existência só porque batemos o dedo na quina ou tivemos que recomeçar do zero outra vez.
O mundo está aí para nos mostrar que é ilusão esperar que alguém nos faça sempre felizes; é ilusão achar que podemos ditar as palavras certas que desejamos ouvir; é ilusão acreditar que o amor de alguém por nós será suficiente para nos salvar de nós mesmos.
A única coisa que podemos realmente controlar é o quanto podemos nos tratar bem, principalmente quando o mundo amanhecer irreconhecível. O quanto ainda somos capazes de nos agradar, perdoar, priorizar, preservar, proteger, apaziguar.
O amor do outro será sempre insuficiente se não houver, antes, amor-próprio.
Todos os dias temos uma escolha a fazer. Essa escolha parece simples, mas não é. Temos que decidir se iremos nos fazer bem ou nos fazer mal. Porque a gente escolhe fazer-se muito mal também, e na maioria das vezes não nos damos conta disso.
Preferimos culpar o fulano que não respondeu nossa mensagem, o ciclano que não concordou com nossa postagem, a chuva que chegou sem avisar, a espinha antes do primeiro encontro, o vácuo na declaração de amor, o descaso com a nossa dor, o político mentiroso, a inflação, a falta de consideração.
É claro que tudo isso nos afeta, mas de que forma vamos cuidar de nós mesmos, para que nossos pensamentos e ações não tornem tudo ainda mais insuportável?
O que você tem feito por si mesmo (a)? Que presentes você se dá todos os dias? Que cuidados tem com seu corpo e suas emoções? Você se prioriza? Ou abre mão de si mesmo (a) diante da primeira demanda que surge?
Cria expectativas, espera que o outro venha te fazer feliz, ou busca e cultiva a própria felicidade?
Você vive se culpando, ou sabe que falhas e imperfeições fazem parte desse pacote que é a vida?
Você sabe virar a página ou remói decepções e frustrações?
Enfim, como indagou Freud:
“Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”
Se você não fizer por você, milhares de likes parecerão mínimos; centenas de abraços serão insatisfatórios; incontáveis sorrisos soarão como piada de mal gosto; infinitas declarações de amor serão rasas e insuficientes.
Do mesmo modo, se você aceita qualquer descaso; falta de carinho e reciprocidade; migalhas de atenção e consideração; e permanece num relacionamento em que precisa implorar, insistir, cobrar e até jogar para ter alguma dignidade, está na hora de rever a relação que tem consigo mesmo.
A vida é recíproca com quem se trata bem.
Pessoas que se tratam bem não aceitam qualquer tratamento da vida ou das pessoas. Quando são mimadas, aceitam o mimo não como um favor, e sim como um merecimento.
Quando são menosprezadas, viram a página e não imploram por migalhas.
A vida e as pessoas irão oferecer a você o mesmo tratamento que você dedica a si mesmo e acha que merece.
Como está a sua relação com você?
*DA REDAÇÃO RH. Foto de Rachel McDermott no Unsplash.
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