Eu aprendi a não esperar muito das pessoas.
Não sei se é porque já passei dos cinquenta, mas penso muito na maturidade atualmente. No sentido de como eu melhorei em muitos aspectos, poupando-me de muita coisa e de muita gente que me faz mal.
Esse desprendimento que a vivência traz é uma das coisas mais gostosas de envelhecer.
Aumentam as dores físicas, mas a gente aprende a parar de doer emocionalmente pelo que não vale a pena.
Vamos deixando de lado aquela necessidade boba de ser querido pelas pessoas, de ser entendido, de não magoar, não conseguir negar algo, de dizer não.
A gente para de se incomodar tanto com o que vem lá de fora, principalmente se vier de longe, de lugares que não fazem parte de nossos espaços, de pessoas que não fazem parte de nossos afetos verdadeiros.
Como é bom parar de se importar com o que não importa.
Da mesma forma, as expectativas ficam mais sábias, porque a gente aprende que ninguém é obrigado a agir conforme esperamos.
As pessoas são únicas, sentem o mundo de uma forma peculiar, ou seja, em vez de julgarmos, passamos a tentar entender o que levou a pessoa a agir daquela forma.
Pode haver alguma explicação, ou se trata tão somente de maldade mesmo. Azar dela. Assim, não deixamos o erro do outro criar morada em nós.
Com o tempo, depois de tantos tombos e decepções, após sofrer tanto por aquilo que eu não podia mudar, por pessoas que não mereciam o meu melhor, estou mais consciente de que, embora imperfeito, tenho muitas qualidades. E ninguém precisa enxergá-las, porque meu reconhecimento vem de quem caminha comigo de verdade.
Eu percebi que tem muita gente esperando o nosso tropeço, tem muita gente que não quer o nosso avanço. E percebi que isso não afeta quem e como eu sou aqui dentro.
Não confio mais em primeiras impressões, em fofocas, no que dizem das pessoas. Eu observo como agem, como falam de quem não está presente, como tratam as pessoas quando ninguém está olhando.
Eu aprendi a não esperar muito das pessoas antes de conviver com elas. Eu aguardo o tempo agir e mostrar a verdadeira face de cada um.
E, mesmo assim, eu ainda me decepciono com alguns. Sim, tem gente que possui uma camada bem grossa de verniz. Repetindo, azar delas.
*DA REDAÇÃO RH. Foto de Marsha Dhita na Unsplash
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