A Amazônia, frequentemente chamada de “pulmão do mundo”, está enfrentando uma grave crise ambiental. Importante lembrar que os oceanos são maiores produtores de oxigênio do planeta, porém, a importância da floresta como reguladora climática e guardiã da biodiversidade é indiscutível.

No entanto, os recordes de queimadas e índices alarmantes de poluição do ar ameaçam não apenas a flora e fauna, mas também a saúde de milhões de pessoas que vivem na região.

A cidade de Santarém, no Pará, é um exemplo crítico dessa crise. Em novembro do ano passado, os Índices de Qualidade do Ar (IQAr) atingiram 581, um número 42,8 vezes maior que o limite considerado saudável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 0 a 50.

Dessa maneira, colocando a cidade de Santarém, naquele momento, como a mais poluída de todo o planeta. A sua população está sendo exposta a níveis perigosos de material particulado e monóxido de carbono.

Entre janeiro e agosto de 2024, na Amazônia foi registrado um aumento de 116% nas queimadas, que está diretamente relacionado à péssima qualidade do ar na região. O uso do fogo para desmatamento e manejo do solo libera uma grande quantidade de poluentes tóxicos, como partículas em suspensão e gases nocivos.

Dessa maneira, trazendo grandes impactos negativos na população. Destaca-se as doenças respiratórias, prejuízos ao desenvolvimento infantil e complicações para pessoas com condições crônicas de saúde.

Comunidades tradicionais em risco

Imagina-se que os povos indígenas e comunidades tradicionais estivessem menos expostos a esse ar tóxico devido à proximidade com áreas preservadas. Contudo, a realidade é diferente.

Em algumas regiões, como no território indígena do Xingu, sensores mostraram níveis de poluição do ar 53 vezes superiores ao limite recomendado pela OMS. Portanto, aqueles que mais protegem a floresta, estão sendo diretamente afetados por sua destruição.

“A qualidade do ar nessas comunidades é tão ruim ou até pior que em grandes metrópoles. É uma calamidade pública que afeta aqueles que estão na linha de frente da conservação”, explica Filipe Viegas, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

O desafio do monitoramento

Por conta da falta de políticas públicas efetivas e a dificuldade de acesso às áreas remotas da Amazônia, é um grande desafio o monitoramento da qualidade do ar.

No entanto, iniciativas como a Coalizão Respira Amazônia estão instalando sensores de baixo custo em toda a região para medir os níveis de poluição. Desse modo, esses dados são fundamentais para o combate às queimadas e uma forma de proteger as comunidades afetadas.

Portanto, é preciso estar em alerta pois essa crise não é apenas um problema regional, mas uma questão de escala global.

A floresta amazônica tem o papel de regularizar o clima, armazenando carbono e contribuindo para a manutenção do equilíbrio ecológico. Por isso, proteger a Amazônia é uma questão de preservar o futuro do nosso planeta.

Então, é essencial que governos, organizações e cidadãos se unam para proteger esse patrimônio natural insubstituível. Afinal, a saúde da Amazônia reflete diretamente na saúde do mundo.

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