O que é desconhecido, por certo, gera expectativa e suscita questões tais como: “Esta situação nova que se apresenta na minha vida será boa ou ruim?”. Somos movidos a acreditar fortemente que situações novas carregam consigo um grande risco de nos fazer sofrer. Às vezes não nos permitimos vivenciar novas experiências porque no passado fizemos escolhas que resultaram em dolorosas decepções. Como consequência, pensamos de um modo inconsciente: “Uma vez machucado(a), sempre machucado(a)”.
Esquecemos que não é possível ter o controle total do que acontece na nossa vida, em algum momento precisaremos fazer escolhas e algumas delas irão nos conduzir a caminhos inesperados. A nossa vida é feita de escolhas. Algumas podem nos levar a bons caminhos, outras nem tanto. Aquelas que nos fazem tropeçar servem de aprendizado para que da próxima vez sigamos por um caminho diferente. Esquivar-se das surpresas da vida é agir contra a própria vida, isso porque a vida é feita de surpresas.
Do mesmo modo, quem tem medo de ser feliz foge da própria felicidade. Colocamos no caminho obstáculos para alcançá-la por definir que no seu entorno existem ameaças. A interpretação humana dos fatos passa, frequentemente, por filtros internos que nos preparam para o comportamento de luta ou fuga diante de situações novas potencialmente perigosas.
Podemos ver, por exemplo, uma corda enrolada no mato e imaginarmos que seja uma cobra e, por este motivo, talvez saiamos correndo. A imaginação, ao mesmo tempo que é criativa, também pode ser destrutiva. O ímpeto de agir sem avaliar a situação como um todo gera uma ansiedade baseada em uma interpretação equivocada da realidade.
Somos muitas vezes dominados por fantasmas internos que, na verdade, não existem e só foram criados na tentativa de justificar que não podemos ser felizes. Contudo, esta premissa tomada por nós como realidade inquestionável é falsa e funciona, na realidade, como um mecanismo de autodefesa que visa nos livrar da dor que poderia ser provocada por tudo aquilo que não conhecemos.