Neste último domingo de Páscoa (20), o Papa Francisco fez sua última aparição pública. No entanto, o pontífice emocionou o mundo com uma mensagem poderosa e cheia de esperança.

Embora debilitado, o pontífice fez questão de participar das celebrações na Praça de São Pedro, no Vaticano, e deixou palavras que agora ecoam como um legado espiritual: “A paz é possível.”

A tradicional mensagem de Páscoa, lida por um clérigo assistente devido à saúde fragilizada do Papa, trouxe um apelo global por reconciliação, justiça e solidariedade. No dia seguinte, em 21 de abril, o Vaticano anunciou oficialmente a morte de Francisco, aos 88 anos, encerrando um dos pontificados mais marcantes da história recente.

Um clamor por paz em tempos de guerra

O texto da mensagem de Páscoa foi um verdadeiro manifesto contra a violência. Francisco mencionou conflitos em várias regiões do mundo, entre eles Gaza, Ucrânia, Sudão, Iêmen e o sul do Cáucaso. Em meio a tantas tragédias, ele reforçou que o ódio nunca terá a última palavra.

“O amor triunfou sobre o ódio, a luz sobre as trevas, a verdade sobre a falsidade. O perdão triunfou sobre a vingança”, disse o Papa.

Ele também lembrou que o mal ainda está presente no mundo, mas não tem mais domínio sobre aqueles que vivem com fé e esperança:

“O mal não desapareceu da história; permanecerá até o fim, mas não tem mais poder sobre aqueles que aceitam a graça deste dia.”

Um olhar para os vulneráveis e marginalizados

Com forte ênfase na compaixão, Francisco denunciou a violência doméstica, o desprezo pelos migrantes e o sofrimento das minorias religiosas. Ele chamou a atenção para a dor de mulheres e crianças vítimas de abusos e para o preconceito enfrentado por estrangeiros em diversas nações.

“Neste dia, gostaria que renovássemos a confiança nos outros, inclusive naqueles que são diferentes de nós, pois todos somos filhos de Deus.”

Cessar-fogo, liberdade e dignidade humana

O Papa pediu um cessar-fogo imediato em zonas de guerra e a libertação de reféns, prisioneiros de guerra e presos políticos. Também enfatizou a necessidade de liberdade religiosa, liberdade de pensamento e o fim da corrida armamentista.

“Nem a paz é possível sem um verdadeiro desarmamento. O mundo precisa de armas que construam o futuro, e não que espalhem a morte.”

Em suas palavras, ele também citou diretamente a dor do povo de Gaza, o sofrimento dos cristãos no Oriente Médio, e a crise prolongada no Mianmar — inclusive mencionando o recente terremoto que devastou a região de Sagaing.

Uma mensagem que atravessa fronteiras

A última bênção pascal de Francisco não foi apenas uma despedida, mas um convite à reflexão coletiva. Ele propôs que, mesmo em meio ao caos, a fé seja um ponto de partida para a reconstrução do mundo.

“Diante da crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, não podemos esquecer que não são alvos que são destruídos, mas pessoas – cada uma com alma e dignidade.”

O legado espiritual de Francisco

Papa Francisco se despediu da vida terrena como viveu: defendendo os pobres, buscando o diálogo e promovendo a paz. Sua mensagem final reforça sua identidade como um líder espiritual comprometido com as causas humanas.

“Que a luz da Páscoa inspire esforços de reconciliação. Que o princípio da humanidade guie cada gesto. E que nunca percamos a esperança de que, sim, a paz é possível.”

Imagem de Capa: Pope Francis