Há bastante tempo, tenho reparado numa coisa. Toda vez que converso com alguém sobre o tema filhos e que entramos no assunto “número”, aqueles pais e mães que querem ter apenas um filho acabam tentando, de uma forma ou outra, justificar essa decisão.
O que mais escuto é: “Vou ter um filho só, já estou com xx anos e agora acho arriscado tentar o segundo”, “Vou ter um filho só, se tivesse melhores condições teria o segundo, mas não dá”, “Vou ter um filho só, porque tive um problema e não posso mais engravidar.”. Sempre tem um motivo por trás.
Ninguém, absolutamente ninguém fala: “Vou ter um filho só”. Ponto. Sem mais explicações. Sem ter que dar justificativas para não tentar o segundo. Ninguém simplesmente diz: “Porque eu quero. Porque eu prefiro assim.”
O que sinto, é que esses pais que querem um filho só buscam justificar essa decisão porque se sentem cobrados pela sociedade talvez a terem mais filhos. Como se a decisão de parar no primeiro significasse que eles não gostam tanto assim da experiência de serem pais e aí não querem repetí-la. Ou então, se sentem culpados por colocarem um “filho único” no mundo, afinal, ainda existe aquele preconceito idiota de que filho único é isso, é aquilo, é sei eu lá o que (mimado, egoísta, blá, blá, blá…).
E sabe o que eu tenho vontade de dizer para as pessoas que começam a me dar explicações de porque decidiram ter um filho só? Tenho vontade de falar: “Você não precisa me explicar nada. Você não precisa se justificar. Não tem nada de errado em QUERER ter um filho só. Isso não significa que você não curta ser pai ou mãe. Isso é pura e simplesmente uma decisão pessoal, do casal, e ninguém tem nada a ver com isso”.
E esse meu pensamento vale para outras situações: para quem decidiu não ter filhos (nossa, essas mulheres então, são vistas como ETs), para quem decidiu ter três ou para quem decidiu ter quatro ou mais.
Parece que o certo é ter dois filhos. Parece que hoje, o consenso popular decidiu que dois filhos é o certo, é o ideal. Quem tem um só está devendo e quem decide ter três é louco. Ah, e claro, quem decide não ter é um monstro egoísta e quem opta por quatro é louco completo e deve ser internado.
Ninguém nesse mundo precisa pensar igual, querer as mesmas coisas, fazer o que a maioria faz. Cada um sabe o que é melhor para a sua família, dentro das suas possibilidades e desejos. Simples assim.