Muitos relacionamentos não dão certo pela cobrança excessiva. Isso porque, muitas vezes, nós queremos encaixar o outro naquilo que sempre idealizamos. Queremos que o outro seja uma cópia exata dos nossos anseios e desejos e, então, tapamos os olhos para ver o outro, não conseguimos apreciar aquilo que difere dos padrões que criamos e deixamos que a magia de algo novo passe por nós sem ao menos contemplar a sua beleza.
Você não irá encontrar alguém perfeito e, provavelmente, se desistir de seu relacionamento por causa das diferenças, é bem provável que, ao se relacionar novamente, encontrará novos problemas. O segredo de um relacionamento feliz é não exigir que o outro mude, é aceitar as diferenças e aprender a lidar com isso. Com o tempo, amadurecemos e sentimos a necessidade de melhorar em prol do relacionamento, pelo simples fato de percebermos que algumas atitudes ferem e que deixar o orgulho de lado é uma ferramenta poderosa.
Qual o problema se você gosta de cappuccino gelado e ele, quente? Se você gosta de ver um filme de romance e ele, de comédia policial? Qual o problema se ele não é daqueles caras que falam “eu te amo” todo dia? Ou que mandam flores para você no seu trabalho?
E se o modo de ele amá-la é passando a maior parte do tempo com você? E se a forma dele demonstrar que a ama é pagar a entrada do cinema daquele filme a que você quer tanto assistir, mesmo ele não estando tão afim assim de ver.
E se o modo dele a amar é pedir para o garçom um suco de laranja antes mesmo de lhe perguntar, porque sabe que é o seu preferido. E daí que ele gosta de jogar vídeo game aos domingos, ou de jogar futebol com os amigos? E daí que ele às vezes é meio esquecido? E se a maneira dele a amar é preparar um jantar a dois em casa mesmo, sair com você num sábado à noite qualquer para tomar um sorvete, perguntar aos amigos se pode levar a namorada ao churrasco da faculdade e fazer questão da sua companhia sempre.
Talvez a forma de ele amá-la seja pensando em você o dia todo no trabalho e falar de você para a família em tom de admiração. Ele pode não postar fotos com legendas bonitinhas e não mandar aqueles textos enormes no Facebook para todo mundo ver, pois talvez ele seja um pouco desligado com redes sociais e não comente em todas as suas fotos.
Mas, às vezes, na maioria das vezes, a maneira de ele amá-la é dizendo o quanto você está linda quando acorda com o seu pijama velho e o cabelo desarrumado. Quando deixa aquele bilhetinho despretensioso com poucas palavras no seu livro favorito. Talvez a forma de amar você seja dando um beijo na sua testa na frente dos amigos, ou enquanto esperam o elevador.
Às vezes, sufocamos um relacionamento com tantas cobranças, deixamos de valorizar o modo como o outro nos ama por querermos que esse alguém nos ame exatamente como nós amamos. Esquecemos que o amor não é uma teoria singular, não há uma definição única. Amor é algo tão particular, que cada um ama do seu jeito e exterioriza o que sente de forma diferente. Não é algo a ser comparado e, quando agimos dessa forma, anulamos o amor que está nas entrelinhas, descartando aquilo que é nobre e sincero.
Precisamos aprender a linguagem do amor do outro, entender que ele nos ama à sua maneira. E, quando a gente entende isso, o amor se torna mais leve, torna-se mais bonito, porque descobrimos que o novo é belo e não assustador como parece. E, então, às vezes, assim sem querer, melhoramos muita coisa em prol do outro, não porque ele nos pede incessantemente, mas porque queremos.
O amor é um aprendizado constante, é uma escolha diária. O amor é simplicidade. Relacionamento baseado em cobranças acaba se desgastando e o amor perde a sua leveza. Precisamos saber reconhecer o novo – e temos dificuldade de aceitar isso -, valorizando a pessoa com quem nos relacionamos. Lidar com as diferenças exige maturidade e não é uma tarefa fácil. Entretanto, nem só o amor sustenta um relacionamento, mas o modo como escolhemos nos relacionar sustenta o amor, contorna as dificuldades e suporta as tempestades.