Quando era pequena, por algum motivo, tinha a impressão de que eu nunca cresceria. Tinha a sensação de que a dinâmica da minha vida sempre seria baseada em: minha mãe, meu pai, minhas avós e minha irmã. Meio Peter Pan, né?
Comecei a crescer e me dei conta de que não seria daquele jeito para sempre. Ou melhor: não fazia ideia de como seria quando ficasse mais velha. A única coisa que eu realmente sabia era que estava crescendo sim e um dia tudo mudaria. Chegaria aquele momento em que eu faria a minha primeira viagem sozinha, encontraria um namorado com quem quisesse construir algo junto, e veria a minha irmã sair de casa ao mesmo tempo em que também planejaria a minha despedida.
Confesso que ainda é um pouco difícil pensar que esse é o ciclo natural da vida. Um dia meus pais não serão mais a minha rotina, meus avós não estarão mais aqui para me contarem histórias e ficarei semanas e semanas sem encontrar minha irmã porque a rotina já é muito corrida. Apesar de juntos no coração, seguiremos rumos distintos por esse mundo. Planejaremos vidas em paralelo àquela que, por tantos anos, construímos juntos como uma família: eu, meus pais, minha irmã e meu avós.
Isso é simplesmente o que acontece com todo mundo. Ninguém fica na asa dos pais pra sempre e eu estou longe de querer algo desse tipo. Mas, por algum motivo, me dói saber que vou perder algo tão familiar que criamos por tantos anos. A verdade é que, por mais que eu queira (e quero muito) construir a minha independência, às vezes acho que ainda não estou pronta para me despedir dos meus pais e embarcar nesse mundão por conta própria.
Pensando bem, acho que nunca estarei pronta. Isso porque nunca estamos 100% prontos para esse tipo de coisa. Qualquer mudança grande em nossas vidas nos deixa inseguros. O importante é não fraquejar, pois se toda vez que ficamos assustados desistimos de seguir em frente, então ficamos estagnados. E a vida nada mais é do que um eterno movimento. Movimento que nos obriga a nos despedir do passado e faz do futuro uma grande descoberta. Afinal, ninguém quer ser o Peter Pan para sempre, não é mesmo?