Quem foca nas diferenças, nos defeitos , naquilo que não funciona , jogando para debaixo do tapete as coisas boas que o parceiro faz, provavelmente se sentirá sempre muito frustrado nas relações afetivas. Algumas incompatibilidades são realmente inconciliáveis. Por outro lado, vemos muita gente gastando energia com brigas por conta de pequenas diferenças , por conta de pequenos imprevistos que ocorrem no dia a dia. Perdemos boas oportunidades de ficarmos com a boca fechada. Jogamos luz sobre pequenos problemas , engrossamos o caldo da discórdia, botamos tempero naquilo que deveria ser ignorado em nome de algo maior.

Pessoas muito críticas, que tendem a priorizar os defeitos do parceiro e deixar em segundo plano as qualidades positivas tendem a ter relacionamentos amorosos mais complicados. Para estas pessoas, o problema é sempre o outro. Para estas pessoas , as relações não são felizes porque o outro deixa a toalha molhada sobre a cama , porque o outro não aprecia o mesmo tipo de filme , porque o outro é desligado, porque o outro é desorganizado, porque o outro não pensa igual sobre todos os temas, porque o outro tem hábitos alimentares diferentes…enfim, porque o outro não é um clone. Porque o outro não atende a todas as expectativas exigentes do parceiro.

Lidar com diferenças não é fácil. Qualquer pessoa adulta sabe disso. Sim, seria maravilhoso se a pessoa amada visse o mundo exatamente como nós vemos, que sentisse a nossa falta exatamente no momento em que estamos com saudade , que estivesse sempre a fim de fazer as mesmas coisas que nós queremos, na hora que queremos. Vamos tomar sorvete? “Vamos!” . “Vamos ver um filme de terror? “Oba!”. Mas, às vezes, as respostas não são afirmativas. Às vezes, a pessoa não quer tomar sorvete porque está de dieta ou com dor de garganta. Às vezes, a pessoa não quer ver um filme de terror pois não está no clima.

Obviamente, que se relacionar com alguém muito diferente de nós costuma não funcionar. Sim, precisamos ter afinidades com o parceiro. Mas, por mais que sejamos bem compatíveis com a pessoa amada , em um momento ou outro, esbarraremos com alguma diferença. Esbarraremos com alguma discrepância energética. Sim, nem todos os dias estamos vibrando na mesma frequência do parceiro e é preciso respeitar os momentos em que a pessoa prefere ficar mais calada ou está meio triste ou mais agitada.

Quem foca nas diferenças, nos defeitos , naquilo que não funciona , jogando para debaixo do tapete as coisas boas que o parceiro faz, provavelmente se sentirá sempre muito frustrado nas relações afetivas. Algumas incompatibilidades são realmente inconciliáveis. Por outro lado, vemos muita gente gastando energia com brigas por conta de pequenas diferenças , por conta de pequenos imprevistos que ocorrem no dia a dia. Perdemos boas oportunidades de ficarmos com a boca fechada. Jogamos luz sobre pequenos problemas , engrossamos o caldo da discórdia, botamos tempero naquilo que deveria ser ignorado em nome de algo maior.

Relacionar-se é aceitar , é aprender a se adaptar não ao outro, mas à relação. Quando as duas partes cedem um pouco, os parceiros podem encontrar um meio termo, onde o amor , a cumplicidade e o companheirismo falem mais alto do que algumas pequenas diferenças.








Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas. Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida. Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013. Sou alguém que realmente odeia móveis fixos.