Hoje eu acordei tão eu que resolvi sair sem máscara.
Sem máscara, sem carapaça e sem celular.
Acordei com saudades do eu real que vive escondido sob os trajes do eu social.
Aquele eu que todo mundo gosta, que todos aprovam e que por vezes me sufoca, aquele, eu decidi deixar em casa.
Só dessa vez.
Só dessa vez vou sair de casa por mim. Para mim.
O celular e todos os grupos dentro dele vão ficar na gaveta.
Hoje ninguém vai dizer para onde devo ir, o que devo comer e se minha roupa combina.
Hoje, não. Hoje eu acordei tão eu que minha presença me basta.
Sem celular, sem fones de ouvido. Hoje a trilha sonora quem conduz sou eu. Embalada pelo que tenho vivido.
Também sou eu quem define quanto tempo vou ficar olhando o mar.
Matando a saudade de me amar.
Hoje ninguém me tira de mim.
No silêncio da minha companhia vou tocar meu dia. E não há quem me faça rir forçado, abraçar apertado e andar apressado.
Hoje, não. E só porque hoje eu acordei tão eu, preferi ficar dormindo e deixar todos esses planos para outro dia. Afinal, não é sempre que conseguimos decidir por nós mesmos. Mas hoje eu decidi. Dormir.
E só porque acordei muito eu.